Funcionária diz que Michelle Bolsonaro recebeu em mãos segundo kit de joias sauditas

Funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), que atuava no setor durante a gestão Bolsonaro, revelou que a primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu em mãos, no fim do ano passado, o segundo kit de joias do governo Saudita
26 de abril de 2023

Desde o escândalo das joias, presentes dos sauditas para o ex-presidente Jair Bolsonaro que ficaram retidos pela Polícia Federal no aeroporto de São Paulo, Michelle Bolsonaro sempre negou conhecimento sobre as joias. Agora, uma funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), que atuava no setor durante a gestão Bolsonaro, revelou que a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, recebeu em mãos, no fim do ano passado, o segundo kit de joias do governo Saudita. Esse segundo  kit de joias chegou ao Brasil pelas mãos da comitiva do então ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, em outubro de 2021, e entrou ilegalmente no País, burlando a Receita Federal.

O conjunto foi entregue a ela no dia 29 de novembro de 2022, no Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República, e conferido pessoalmente pelo então presidente Jair Bolsonaro.

Segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S Paulo,  as informações já estão em poder da Polícia Federal, no âmbito do inquérito que apura o caso das joias. Os detalhes foram narrados aos delegados em um depoimento dado pela funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica. Esse departamento presta serviços ao Gabinete Pessoal da Presidência da República e é responsável pela recepção e triagem dos presentes oficiais.

O estojo de cinco itens inclui um relógio da marca Chopard que custa cerca de R$ 800 mil. O modelo suíço, conhecido como L.U.C. Tourbillon Qualité Fleurier Fairmined, teve apenas 25 unidades produzidas em todo o mundo. As outras quatro joias são uma caneta, um anel, um par de abotoaduras e um rosário, todos em ouro cravejado de diamantes.

Estimativa iniciais apontam que o valor desse kit ultrapassa facilmente a cifra de R$ 1 milhão. À Polícia Federal, o Departamento de Documentação Histórica declarou que o conjunto, quando despachado para o Palácio da Alvorada, chegou a ser estimado em cerca de US$ 500 mil, o que equivale a R$ 2,5 milhões.

Michelle Bolsonaro sempre negou conhecimento sobre as joias presenteadas pelos sauditas. Agora tenta mudar a versão

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Crédito: Twitter/Reprodução Agência Brasil

Michelle sempre negou conhecimento sobre as joias presenteadas pelos sauditas. Agora, as revelações colocam a ex-primeira-dama diretamente dentro do caso e mostram que não era apenas Bolsonaro que tinha conhecimento dos presentes. 

Depois da notícia divulgada pelo Estadão, A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro confirmou, durante conversa com jornalistas nesta terça-feira (25), que recebeu em mãos o segundo pacote de joias enviado pelo governo saudita. 

“Essas joias que chegaram no Alvorada foram as joias masculinas. Estão associando ao primeiro caso, quando eu falei que não sabia [do conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões] e não sei mesmo”, disse. “Tanto que as primeiras estão apreendidas na Receita e essas do Alvorada estão na Caixa Econômica Federal [as joias foram devolvidas por determinação do TCU]”.

“O que eu tenho a ver com isso?”, completou ainda a ex-primeira-dama sobre o caso.

Conforme relatou a funcionária, um servidor do Alvorada foi até o Palácio do Planalto para buscar a caixa com as joias. Momentos depois, então, o administrador do Alvorada, responsável por gerenciar a residência oficial no governo Bolsonaro, entrou em contato diretamente com a servidora. Tratava-se do pastor Francisco de Assis Castelo Branco, braço-direito de Michelle e que atuava como um “síndico” da residência oficial. Em seu contato com a funcionária, Castelo Branco foi claro, “informando que a caixa com as joias já estava na posse da primeira-dama, Michelle Bolsonaro”, conforme a funcionária declarou à PF.

Até agora, a única menção direta feita ao nome de Michelle envolvendo o escândalo das joias havia partido do então ministro Bento Albuquerque. Em outubro de 2021, quando sua comitiva tentou entrar ilegalmente com as joias no Brasil e teve um de seus assessores parados na alfândega de Guarulhos, Albuquerque, que já tinha passado pela área restrita com a segunda caixa de joias, retornou ao local para tentar liberar o conjunto de diamantes que os auditores encontraram na bagagem de seu assessor. Naquela ocasião, ele foi claro em dizer que se tratava de um presente para Michelle. Não conseguiu liberar os itens, mas levou consigo a segundo caixa de joias sem comunicar a fiscalização.

O que veio a se revelar depois, durante a abordagem dos auditores da Receita, é que a comitiva do MME trazia, sim, a estátua de um cavalo de ouro, a qual teve as suas patas quebradas durante o transporte aéreo , mas que, junto destas, havia duas caixas de presentes estimados em cerca de R$ 18 milhões, se somadas.

À Polícia Federal, a funcionária do GADH disse que já atuava naquele departamento há um ano e que nunca havia se deparado com uma situação como aquela, em que um presente é cadastrado antes, com o propósito de “alertar a futura chegada de um presente ao presidente da República”.

A servidores explicou que, normalmente, esses processos são lançados no sistema eletrônico após a chegada dos presentes no País. O cadastro do cavalo de ouro no SEI ficou parado por mais de um ano, já que o bem ficaria retido na Receita Federal com o conjunto de diamantes. O registro só seria acionado de novo em novembro do ano passado, após as eleições, e não para inclusão da estátua dourada que continuava presa na alfândega de Guarulhos, mas para a inclusão do segundo pacote de joias enviadas pelos árabes e que entrou ilegalmente no País.

Redação ICL Economia
Com informações do jornal O Estado de S Paulo


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