Com US$ 45 bi de saldo no primeiro semestre, balança comercial brasileira caminha para novo recorde

O bom saldo comercial foi puxado pelo agronegócio e pela produção de petróleo nas reservas do pré-sal, contribuindo para o aumento do fluxo de dólares ao Brasil.
19 de julho de 2023

A balança comercial brasileira teve saldo de US$ 45 bilhões na primeira metade deste ano, alta de 31,5% em relação ao mesmo período de 2022. O bom saldo comercial foi puxado pelo agronegócio e pela produção de petróleo nas reservas do pré-sal. Com isso, as contas externas, geralmente um problema para países emergentes, como o Brasil, tem ajudado a impulsionar a economia do país.

Embalados pelos bons indicadores, os representantes das cem instituições financeiras consultados para a última edição do Boletim Focus, do Banco Central, elevou de US$ 64 bilhões para US$ 65 bilhões a previsão para o saldo da balança comercial do país.

Caso as projeções se confirmem, será o terceiro ano seguido de superávit recorde, com o país exportando mais que importando.

Reportagem publicada pelo jornal O Globo traz um dado importante. A melhora nos números do comércio exterior brasileiro foi puxada pelo aumento do volume exportado e não pelas cotações dessas matérias-primas nos últimos anos. Esse movimento ajudou a compensar, por exemplo, a queda nos preços de produtos como soja e milho, por exemplo, cujas produções no Brasil têm aumentado.

Nos últimos dias, os preços internacionais de commodities voltaram a subir após a Rússia suspender o acordo que permitia à Ucrânia exportar grãos pelo Mar Negro.

Segundo o O Globo, na última segunda-feira (17), impactados pelo anúncio de Moscou, os contratos futuros mais negociados de milho saltaram 5,63% na Bolsa de Chicago. Os do trigo avançaram 2,60% e os da soja, 1,25%.

Porém, analistas acreditam que esse impacto não deve perdurar ao longo do tempo. No início da invasão russa, em fevereiro de 2022, houve consequências mais fortes para o mercado global, principalmente para a inflação de diversos países devido à valorização das commodities agrícolas.

Agora, no entanto, o peso das exportações ucranianas (com destaque para milho, trigo e cevada) não têm volume suficiente para modificar o cenário global atual com muita força.

Balança comercial: exportações em alta contribuem para aumento do fluxo de dólares ao Brasil

Na avaliação de especialistas ouvidos pela reportagem, as exportações em alta aumentam o fluxo de dólares para o Brasil, favorecendo a valorização do real e reduzindo pressões inflacionárias.

Contudo, eles salientam que, se as commodities continuarem a se valorizar impulsionando ainda mais a balança comercial brasileira, o equilíbrio trazido pelo aumento do fluxo de dólares pode arrefecer, voltando a pressionar a inflação num momento em que aumentam as pressões sobre o Banco Central para redução da taxa básica de juros (Selic).

No Brasil, a inflação de junho, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), fechou o mês negativa em 0,08%, comparativamente a maio, graças à queda nos preços dos Alimentos e Bebidas (-0,66%) e dos Transportes (-0,41%).

Embora ainda estejam cautelosos sobre os efeitos da suspensão do acordo da Rússia contra a Ucrânia, uma vez que há quem aposte que se trata apenas de um balão de ensaio do mandatário russo, Vladimir Putin, para aumentar seu poder de barganha, analistas entrevistas por O Globo dizem que as cotações de alguns grãos, matérias-primas de produtos importantes, podem impactar os preços de produtos produzidos a partir delas, como o pãozinho.

Na opinião de Bruno Lucchi, diretor-técnico da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), os produtos brasileiros que podem ser afetados pela suspensão do acordo são o milho e, em menor proporção, o trigo.

Especificamente sobre o preço do milho, que tem no momento superoferta mundial, ele acredita que o impacto será pequeno. Quanto ao trigo, produto que o Brasil precisa importar, ele avalia que o acesso a outros fornecedores, como Argentina, Estados Unidos e Canadá, pode amenizar o efeito das cotações.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
 

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