Uma das coisas que confunde o brasileiro em relação à inflação é que nem sempre é possível vermos o impacto de uma variação inflacionária no nosso dia a dia. Mesmo com uma inflação baixa, às vezes podemos falar que estamos vendo os preços do mercado ou da feira variando de forma diferente da usual. Isso é devido ao fato de o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ser um índice geral de preços.
Para tentar mostrar de uma forma mais lúdica, os economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli criaram metodologia própria para medir como a inflação afetou cada tipo de compra que os brasileiros tiveram nos últimos meses, mostrada no Economia para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas.
“Decidimos dividir as compras em cinco grandes grupos: o mercado, a feira, o açougue, os gastos com lazer e o que chamamos de boletos, que são os gastos que temos todo mês de forma fixa. Com isso, é possível observar que no mês de junho deste ano os preços no açougue, em geral, tiveram uma grande queda, de 1,53%, enquanto os preços da feira também apresentaram forte queda, de 2,4%, e os gastos com as compras no mercado caíram 0,77% em junho”, escrevem.
Porém, segundo os economistas, o brasileiro gastou 0,4% a mais em boletos no período avaliado. Também tiveram um gasto com lazer 0,46% maior. “Isso mostra que o brasileiro pagou menos para se alimentar, mas acabou gastando um pouco mais nas suas contas do dia a dia e no seu momento de recreação”, concluem.
Contudo, eles salientam que uma visão em tendência seria melhor para ver se de fato os preços estão aumentando ou abaixando nesses diferentes tipos de compra.
Ambos pontuam que ocorreu queda do preço acumulado em 12 meses nas compras de açougue, que apresentaram uma deflação de 4,92%, enquanto o custo dos boletos cresceu 5,59% em um ano, frente a 5,77% no último mês.
Destaques individuais dos novos grupos que pesaram na inflação
“Por sua vez, os custos com compras de mercado cresceram 4,91% em um ano, sendo que se encontravam em 6,34% no mês passado. Já o lazer aumentou 7,04% em um ano, porém, o aumento no último mês nessa mesma métrica era de 7,52%. O único fator que aumentou foi o custo com a feira, que se encontra em 6,88% no ano, ante 6,52% observado no mês anterior”, pontuam.
De acordo com Deborah e André, puderam ser observados alguns destaques deflacionários ocorridos dentro desses grupos. “No grupo mercado, o feijão teve queda de 5,03% e o óleo de soja, de 35,37%, enquanto na feira houve queda do preço da batata, de 6,83%, e da cebola, de 12,22%”, dizem.
O grupo açougue, segundo eles, foi o que mais apresentou exemplos positivos, com queda de 8,62% no contrafilé em 12 meses; de 3,94% no preço da picanha e de 2,39% no frango em pedaços.
Em relação ao lazer, o acesso à internet também ficou em destaque e caiu 9,71%, enquanto para os boletos, os destaques foram os combustíveis, com queda de 6,04% do gás de botijão, de 26,8% da gasolina e de 23,21% do etanol.
Os dois ainda pontuam que alguns itens também se destacam de forma negativa, devido à alta inflação apresentada no acumulado em 12 meses.
“No grupo mercado, os destaques foram a alta de 10,81% do arroz, de 22,93% do ovo e de 11,43% do preço da manteiga. No grupo feira, os destaques ficaram com a alta de 12,22% no preço da banana e de 15,55% no preço da cenoura, enquanto no grupo lazer, a alimentação fora de casa se elevou em 5,5%, e no grupo boleto, a taxa de água e esgoto subiu 10,58% neste último ano. Não ocorreu nenhum destaque negativo no grupo açougue”, elencam.
Deborah e André observam que “esse é retrato de como ocorreu o comportamento inflacionário neste último mês de forma mais didática e se ela impactou mais na hora do brasileiro fazer uma feira, comprar no açougue ou gastar com lazer”.
Por fim, eles enfatizam que é importante sempre lembrar que o IPCA e a inflação mostram a alta geral do nível de preços, ou seja, a alta média de todos os preços da economia a partir do peso que estes itens têm.
“Esse exercício feito hoje contribui para que as pessoas possam observar como cada tipo de compra variou nos últimos meses”, frisam.
Redação ICL Economia
Com informações do Economia para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas