A quebra pela CPMI dos Atos Golpistas do sigilo telemático do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República, começa a revelar o destino de presentes luxuosas recebidos durante viagens oficiais do ex-presidente.
Uma troca de email em inglês, datada de 6 de junho de 2022, mostra o militar negociando a venda de um relógio da marca Rolex “cravejado de platina e diamante” que teria sido recebido durante viagem oficial.
“Obrigado pelo interesse em vender seu rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui”, diz, em inglês, a interlocutora. “Quanto você espera receber por ele? O mercado de rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa”, emenda.
Na resposta, o assessor de Bolsonaro afirma que não possuía o certificado porque o relógio foi um “presente recebido em viagem oficial. Cid ainda afirma que estava pedindo 60 mil dólares pelo Rolex, algo em torno de R$ 300 mil pela cotação atual.
Mauro Cid tentou resgatar Rolex
Em outubro de 2019, durante viagem a Doha, no Catar, e riade, na Arábia Saudita, Bolsonaro recebeu um conjunto de joias que inclui um relógio da marca Rolex de ouro branco cravejados com diamantes. O valor das joias é estimado em R$ 500 mil.
As joias foram dadas pelo rei sauditan Salman bin Abdulaziz Al Saud. No total, ao menos três conjuntos de joias recebidos em viagens oficiais foram surrupiados por Bolsonaro.
O conjunto de joias que incluia o Rolex foi devolvido pela defesa de Bolsonaro em abril deste ano, após a Polícia Federal instaurar uma investigação para apurar outro conjunto de joias da Arábia Saudita, avaliado em R$ 5 milhões, retido pela Receita Federal no aeroporto internacional de Guarulhos.
Mauro Cid foi o comandante da operação que tentou, sem sucesso, resgatar as joias em posse do Fisco. O militar está preso desde maio por participar de um esquema de supostas fraudes no cartão de vacina e por manter conversas de teor golpista.