Segundo o Dieese, em agosto, 79,1% das negociações com data-base nesse mês, analisadas até primeiro de setembro, registraram reajustes salariais acima da inflação acumulada dos últimos doze meses, segundo comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). O percentual é inferior ao observado nas três datas-bases precedentes, em que o percentual de reajustes com aumentos reais foi algo em torno de 90%; no entanto, é superior ao observado no início de 2023 e nas datas-bases anteriores consideradas.
O percentual de reajustes abaixo do INPC cresceu para 16,4% em agosto. O dos reajustes iguais ao INPC, reduziu-se para 4,5%.
Apesar do recuo no peso dos aumentos reais em agosto, é cedo para afirmar que haverá uma mudança na tendência de crescimento dos ganhos reais médios no ano. A variação real média na última data-base foi de 1,44% acima do INPC, inferior somente ao observado em julho e maio de 2023, considerando os valores calculados para cada uma das últimas 15 datas-base.
Como observado anteriormente, houve crescimento do valor do reajuste necessário em agosto em relação a julho, o que pode ter contribuído para o resultado das negociações dessa data-base. Em relação a setembro, o valor do reajuste necessário voltou a crescer.
O percentual de reajustes pagos em duas ou mais parcelas subiu, em agosto, para 1,8%. Em que pese isso, continua muito abaixo do que vinha sendo observado em 2022. Para efeitos de comparação, em agosto de 2022 o percentual de negociações com reajustes parcelados foi de 8,5%.
Em relação aos reajustes escalonados – pagos em percentuais diferentes conforme faixas salariais ou tamanho das empresas –, agosto registra aumento em relação a julho (de 5,1% para 9,1%), mas mantem-se abaixo do registrado nas demais datas-bases, salvo fevereiro de 2023 e julho de 2022.
O quadro atual das negociações de 2023 mostra que 77,7% dos 12.041 reajustes analisados resultaram em ganhos reais aos salários, sempre em comparação com a inflação medida pelo INPC. Outros 17% resultaram apenas na recomposição das perdas salariais no período, sem ganhos acima da inflação, e 5,3% dos reajustes ficaram abaixo da variação do índice de preços nas correspondentes datas-bases. A variação real média dos reajustes de 2023 é, atualmente, positiva: 1,14% acima da inflação.
No recorte setorial, a indústria e os serviços seguem apresentando os maiores percentuais de reajustes acima da inflação (83,5% e 80%, respectivamente), superiores ao observado no comércio (55%). Nesse último setor, em particular, nota-se que a incidência menor de reajustes acima do INPC é compensada por uma maior frequência de reajustes iguais a esse índice, o que resulta numa baixa incidência de reajustes inferiores a inflação (4,5%).
Reajustes salariais por região geográfica
O desempenho das negociações pelas regiões geográficas segue apresentando resultados não muito díspares, com maior incidência de ganhos reais nas negociações do Sudeste (82,2%), e menor no Nordeste (69,5%). Quanto aos reajustes abaixo do INPC, estes são mais frequentes no Norte (9,7%) e Nordeste (9,4%), e menos na região Sul (1,3%).
Cerca de 80% dos acordos coletivos e 73% das convenções coletivas trazem reajustes acima da inflação. Reajustes iguais à inflação foram observados em 14,2% dos acordos e 22,5% das convenções; e reajustes abaixo da inflação, em 5,5% dos acordos e 4,9% das convenções.
Pisos salariais
Os valores dos pisos salariais são apresentados, a seguir, em dois indicadores: valor médio, equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados; e valor mediano, correspondente ao valor abaixo do qual está a metade dos pisos observados. A vantagem da apresentação do Valor Mediano é que ele sofre menos influência dos valores extremos da série, indicando melhor a distribuição dos pisos.
De janeiro a agosto de 2023, o valor médio dos 12.045 pisos salariais analisados foi de R$ 1.624,97; e o valor mediano, R$ 1.516,00. Na comparação entre os setores, o maior valor médio foi observado nos serviços (R$ 1.656,59); e o menor, no setor rural (R$ 1.550,57). Quanto aos valores medianos, o maior foi observado na indústria (R$ 1.551,94); e o menor, nos serviços (R$ 1.500,00).
No recorte geográfico, os maiores pisos salariais médios e medianos negociados de janeiro a agosto de 2023 são os da região Sul (respectivamente R$ 1.696,39 R$ 1.642,00); e os menores, os da região Nordeste (respectivamente R$ 1.480,61 e R$ 1.362,24).