Pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta terça-feira (19), mostra que 47% do mercado financeiro avalia o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como negativo, enquanto 12% tem uma avaliação positiva do mandato e outros 41% o tem como regular. Em se tratando dessa entidade chamada mercado financeiro, o resultado da pesquisa não traz grandes surpresas.
Mesmo antes do início do governo Lula, o mercado financeiro tem demonstrado comportamento pouco afável, para dizer o mínimo, em relação ao Executivo.
Como já disse em outra ocasião o economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, por ocasião de outra pesquisa da Genial/Quaest, de março passado, que mostrava que 98% dos 82 executivos entrevistados acreditavam que a política econômica do governo Lula estava indo na direção errada, o mercado financeiro funciona como uma “seita”. “Isso não é opinião, é dogma”, disse Moreira, à época.
Na opinião do economista do ICL André Campedelli, esse comportamento de manada do mercado em relação ao governo Lula não faz o menor sentido, uma vez que grande parte da agenda defendida por esse ente foi posta em prática pela equipe econômica.
“Mesmo com todos os acenos que Haddad [ministro da Fazenda, Fernando Haddad] faz ao mercado, fazendo um marco fiscal com foco em equilíbrio das contas públicas e limitação de gastos, o chamado ‘mercado’ parece nunca estar completamente satisfeito com o governo, mostrando-se extremamente ideológico, tendo claramente um lado definido”, disse Campedelli.
O economista acredita que não importa o que o governo faça, nada será capaz de aplacar a sanha do mercado financeiro. “Mesmo que se faça tudo o que está na cartilha de bons modos de condução econômica, segundo a visão do mercado, ele vai querer sempre mais. Um governo conservador tem muito mais liberdade e boa vontade do mercado, enquanto um progressista tem que fazer uma política extremamente restritiva para ter um mínimo de aprovação, como mostram os dados da pesquisa”, pontuou.
Avaliação negativa do governo Lula avança três pontos percentuais, aponta Genial/Quaest. 95% não acredita que Executivo vai zerar déficit em 2024
A avaliação negativa do governo Lula avançou 3 pontos percentuais com relação ao último levantamento, divulgado em julho. Na ocasião, 20% avaliaram o governo positivamente, e 36% como regular.
Para essa pesquisa, a Quaest ouviu 87 fundos de investimentos com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 13 e 18 de setembro. A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevistas on-line com a aplicação de questionários estruturados.
Outro ponto questionado, que envolve a promessa do governo de zerar o déficit fiscal em 2024, 95% dos entrevistados não acreditam que a equipe econômica será bem-sucedida nesse intento.
Em mais uma demonstração de má vontade com todos os esforços do governo para zerar o rombo nas contas públicas, apenas 14% dos entrevistados esperam que o pacote anunciado pela equipe econômica até agora para elevar a arrecadação e equilibrar as contas públicas funcione.
Por sua vez, 86% dos consultados afirmam que a meta fiscal será descumprida independentemente do pacote de aumento das receitas.
Entre as medidas anunciadas pelo governo que devem ter aprovação mais fácil no Congresso, a taxação de fundos exclusivos foi apontada por 46% dos entrevistados.
Já a aprovação do fim da dedutibilidade dos juros sobre capital próprio (JCP) é vista como “muito provável” por apenas 27%.
Caso o governo não consiga aprovar o pacote, a maioria do mercado (53%) espera que o Executivo busque novas medidas com efeito imediato de aumento da arrecadação. Outros 37% esperam abandono da meta de déficit zero, e 10% preveem aumento das alíquotas de impostos.
Sobrou até mesmo para Haddad
Na nova rodada da Genial/Quaest, sobrou até mesmo para Haddad. Agentes do mercado também diminuíram a confiança no ministro: entre julho e setembro, a proporção dos que dizem confiar pouco ou nada no titular da Fazenda avançou de 40% para 48%, enquanto os que dizem confiar muito caíram de 13% para 10%.
Em contrapartida, a confiança em Lula ficou praticamente estável: os que dizem confiar pouco ou nada no presidente passaram de 95% em julho para 91% em setembro, e os que afirmam confiar muito oscilaram de 1% para 2%. A razão dos que confiam mais ou menos no mandatário passou de 1% para 2% no período.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da CNN