A SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Fazenda divulgou nota, ontem (31), na qual rebate projeções pessimistas para o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) ao longo deste ano. “Para 2024, as projeções de mercado apontam para crescimento de cerca de 1,6%. A SPE está mais otimista, com expectativa de alta de 2,2%”, diz na nota “Balanço Macrofiscal de 2023 e perspectivas para 2024” (para ler o material, clique aqui).
O documento traz dados esmiuçando os esforços e os avanços do processo recuperação fiscal, que estão em curso desde o início do governo.
Trecho da nota diz que “a perspectiva de desaceleração do crescimento, para patamar levemente superior a 2%, é conservadora, baseada em leve desaceleração do consumo e do setor externo e em recuperação do investimento, com expansão mais harmônica entre atividades cíclicas e não-cíclicas”.
Um dia antes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia dito a jornalistas que o governo projeta um ano melhor do que o previsto pelo mercado e trabalha com possibilidade de crescimento do PIB acima de 2%.
Segundo Haddad, uma das medidas que deve impulsionar o crescimento é a mudança de padrão de crédito pela entrada em vigor do Marco das Garantias. A proposta facilita, por exemplo, a execução de dívidas por bancos e permite que um mesmo imóvel seja usado como garantia em mais de um empréstimo.
“Estamos trabalhando com crescimento superior a 2%. Uma das coisas importantes que estamos falando com os bancos, em geral, e com os bancos públicos, em particular, é que o Marco de Garantias vai mudar o padrão do crédito no Brasil. Tanto do crédito imobiliário, quanto do financiamento de veículos e bem duráveis em geral. Isso pode potencializar muito também o crescimento”, comentou o ministro.
SPE projeta receita líquida de 19,2% do PIB em 2024
Na nota, a SPE disse ainda que o nível de despesas do governo previstas para 2024 é consistente com o equilíbrio orçamentário, projetando também uma receita líquida de 19,2% do PIB no ano.
Para a SPE, a expectativa é que os investimentos deixem de contribuir negativamente para o crescimento, compensando parcialmente a menor contribuição do consumo e do setor externo no ano.
De acordo com a pasta, entre os vetores que devem auxiliar esse desempenho estão a diminuição do juro real, expansão das emissões de debêntures incentivadas, incentivos concedidos por bancos públicos à inovação, além de programas de infraestrutura, habitação, transformação ecológica, apoio à indústria e parcerias público-privadas.
Sobre os juros, Haddad havia dito antes da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que ontem anunciou a redução em 0,50 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic), que aguarda notícias mais positivas no fim do primeiro semestre e acredita que se esse cenário se confirmar, pode “projetar uma taxa de juros para além do que estamos imaginando, hoje, no Brasil”.
O ministro, porém, ressaltou que, por enquanto, essa avaliação é especulativa.
“Eu penso que as notícias para o meio do ano são boas. Se isso acontecer [o início de corte de juros nos EUA] vai ser muito bom para o Banco Central, porque o horizonte dele [do BC] pode mudar relativamente para melhor”, afirmou.
Na última terça-feira, o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou relatório no qual prevê que a economia brasileira vai crescer 1,7% este ano, ante 1,5% da projeção anterior.
A projeção para o crescimento do PIB está mais ou menos em linha com a do mercado financeiro. Agentes consultados na última edição do Boletim Focus do Banco Central preveem que a economia brasileira vai crescer 1,60% este ano e 2% no ano que vem.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do site do MF