A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, em evento paralelo à reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, que aconteceu ontem (27) promovido pela Câmara de Comércio Americana (AmCham Brasil), no qual participou ao lado da ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), parabenizou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela aprovação da reforma tributária “histórica” e avaliou que o Brasil está à frente da oportunidade de se tornar cada vez mais integrado às cadeias de valor global e contará com os Estados Unidos como um parceiro sólido nesses esforços.
“Temos buscado lutar contra tarifas excessivamente altas para a exportação e isso pode tornar o Brasil ainda mais atraente para investidores, criando oportunidades adicionais para ambas economias”, disse.
A reunião de ministros e presidentes de BCs do G20, fórum de cooperação econômica que reúne 19 países mais ricos do mundo, mais União Europeia e União Africana, acontece de hoje (28) até amanhã (29) em São Paulo.
A secretária do Tesouro Americano destacou que “o Brasil está bem-posicionado para a transição para a neutralidade de emissão de carbono por conta de sua grande matriz de energia limpa”, pois tem a vantagem de ter a grade energética baseada em energias renováveis, “o que vai se tornar um ativo essencial, enquanto economias no mundo inteiro têm que internalizar cada vez mais os custos da emissão de carbono”.
“Vocês também têm a Bacia Amazônica, um importante ativo para ajudar a mitigar a emissão de carbono e pode ser um grande alvo de investimento, para as economias brasileira e americana, em alimentos baseados em plantas e na indústria de cosméticos não poluentes”, explicou Janet Yellen.
Por sua vez, Marina Silva destacou o esforço do governo brasileiro concentrado no Plano de Transformação Ecológica, em implementação pelo Ministério da Fazenda, bem como as ações para redução do desmatamento e controle das atividades ilegais; criação de mecanismos de incentivo à manutenção da floresta como a política de bioeconomia, agricultura de baixo carbono, restauração florestal, reindustrialização verde, infraestrutura sustentável.
“Estão reunidas as maiores e melhores condições para abrir um portal de oportunidade para as relações bilaterais entre Brasil e os Estados Unidos”, disse Marina. “Nossos países têm que estar alinhados e trabalhar juntos em razão de algumas questões que são muito importantes. Somos as duas maiores democracias ocidentais e vivemos desafios enormes de estabilizá-la sem que o investimento climático, econômico e social fique prejudicado. Essa ajuda mútua por resultados que atendam a necessidade das pessoas em todos os setores é fundamental”, complementou a ministra.
‘Economia global tem crescido acima do esperado’, diz Janet Yellen durante G20
Durante entrevista coletiva à imprensa ontem (27), Yellen afirmou que a economia global está dando sinais de recuperação, com crescimento acima do esperado e inflação em queda nos últimos meses.
Janet Yellen lembrou que a economia global cresceu 3,1% em 2023, apoiado pelo desempenho dos Estados Unidos.
A secretária do Tesouro também citou o avanço econômico do Brasil no primeiro ano do governo Lula como importante para o desenvolvimento desse cenário.
Apesar do tom otimista, ela apontou que algumas economias tem enfrentado desafios, sem citar os países aos quais se referia.
Mas voltou a destacar os feitos da gestão Joe Biden à frente dos Estados Unidos, com investimentos em infraestrutura, energia limpa e na indústria, reforçando que a inflação do país está em queda, enquanto o mercado de trabalho está aquecido.
Para este ano, os prognósticos são bons, na visão dela. Yellen disse que a economia norte-americana está “muito, muito bem” por causa da oferta de trabalhos e que a inflação está sob controle, conforme prevê o Fed (Federal Reserve). Ela acredita que é possível que a taxa de inflação norte-americana fique em 2% em 2024.
Sobre as eleições presidenciais nos EUA este ano, ela fez uma crítica velada ao ex-presidente Donald Trump, sem mencionar o nome do republicano que virou um símbolo da extrema-direita no mundo, citando uma frase de Biden a respeito do fim do isolamento dos Estados Unidos.
Na avaliação dela, o país norte-americano fortaleceu parcerias multilaterais. “Isso [uma mudança na liderança do país] só prejudicaria a população e minaria os valores que compartilhamos com nossos parceiros e aliados”, destacou.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do site do G20