Os juros do rotativo do cartão de crédito recuaram de 442,1% para 415,3% ao ano, em janeiro de 2024, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (8). Foi a primeira queda após ter começado a valer a regra do teto do juros dessa modalidade de dívida.
O recuo de 26,8 pontos percentuais faz com que a taxa de juros dessa modalidade de crédito atinja o menor patamar desde dezembro de 2022, quando estava em 411,9% ao ano. A série histórica do BC tem início em março de 2011.
O rotativo do cartão acontece quando o portador não paga o valor total da fatura, fazendo com que a dívida role.
No começo de janeiro deste ano, passou a valer a regra que limita o juro da dívida do rotativo do cartão de crédito e da fatura parcelada a 100%. Instituído pela lei do Programa Desenrola, sancionada em outubro, o teto foi regulamentado no fim de dezembro pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Apesar da queda, os juros do rotativo continuam altos, o que faz com que a maioria dos brasileiros tenha dificuldade para pagar essa dívida. O rotativo é, de longe, o principal responsável pelo endividamento do brasileiro.
Segundo o BC, a inadimplência dessas operações continua extremamente alta, na casa dos 53,9% em janeiro deste ano.
A inadimplência geral registrada pelos bancos nas operações de crédito avançou um pouco em janeiro para 3,3%, ante 3,2% no final de 2023.
Nas operações com pessoas físicas, a taxa de inadimplentes ficou estável em 3,7% de dezembro de 2023 para janeiro deste ano.
Por outro lado, a de empresas subiu de 2,5% no fechamento de 2023, para 2,6% janeiro deste ano.
Além dos juros do rotativo, taxas cobradas no crédito bancário também caíram
De acordo com os dados do Banco Central, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações de crédito com pessoas físicas e empresas caiu 0,5 ponto percentual em 2023, para 40,3% ao ano. Esse é o menor patamar desde junho de 2022, quando estava em 38,9% ao ano.
O juro foi calculado com base em recursos livres – ou seja, não inclui os setores habitacional, rural e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Vale lembrar que a queda do juro bancário médio acompanha a da taxa básica de juros, a Selic, que saiu de um patamar de 13,75% ao ano, em agosto de 2023, para os atuais 11,25% anuais.
No recorte de empresas, a taxa média de juros cobrada nas operações subiu de 20,9% ao ano, em dezembro de 2023, para 22,2% ao ano em janeiro deste ano. Com a alta de 1,3 ponto percentual, atingiu o maior patamar desde outubro de 2023 (22,8% ao ano).
Por sua vez, nas operações que envolvem pessoas físicas também houve queda, de 54,2% ao ano, em dezembro de 2023, para 52,4% ao ano em janeiro deste ano, ou seja, redução de 1,8 ponto percentual, o menor nível desde junho de 2022 (51,5% ao ano).
No cheque especial das pessoas físicas, a taxa recuou de 128,1% ao ano, em dezembro de 2023, para 126,6% ao ano em janeiro de 2024, o menor patamar desde janeiro de 2022 (125,7% ao ano).
As concessões de crédito alcançaram R$ 532,2 bilhões em janeiro. Após ajuste sazonal, cresceram 3,1% no mês, com redução de 0,2% nas operações com pessoas jurídica e expansão de 6,2% nas operações com pessoas físicas.
O crédito livre às famílias, porém, avançou 1,1% em janeiro motivado, principalmente, pelos incrementos das carteiras de crédito pessoal consignado para beneficiários do INSS (2,6%), crédito pessoal não consignado (2,1%), financiamento para aquisição de veículos (1,4%) e cheque especial (9,1%).
No geral, o volume total do crédito bancário em mercado recuou 0,3% em janeiro deste ano, para R$ 5,77 trilhões. No fechamento do ano passado, estava em R$ 5,78 trilhões.
“Esse resultado decorreu da redução de 2,3% no saldo da carteira de crédito às pessoas jurídicas, em contraposição ao incremento de 1,0% no saldo da carteira de pessoas físicas”, explicou a instituição.
Campos Neto indica que solução para juros do rotativo seria temporária
No início desta semana, durante evento da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou que a solução adotada pelo CMN de limitar a dívida do cartão de crédito – que já havia sido aprovada anteriormente pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Lula – seria temporária.
“A gente precisa ainda estudar esse assunto, ver como vai fazer de uma forma equilibrada. Começamos a ver a inadimplência melhorando, é um bom sinal (…) Não temos uma solução hoje, avaliamos várias soluções. Temos uma solução de curto prazo que melhorou um pouco, a gente precisa entrar em um entendimento”, disse.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do g1