O valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em 10 das 17 capitais onde o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre fevereiro e março de 2024, as elevações mais importantes ocorreram em Recife (5,81%), Fortaleza (5,66%), Natal (4,49%) e Aracaju (3,90%). Já as reduções mais expressivas foram observadas no Rio de Janeiro (-2,47%), em Porto Alegre (-2,43%), Campo Grande (-2,43%) e Belo Horizonte (-2,06%).
São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 813,26), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 812,25), Florianópolis (R$ 791,21) e Porto Alegre (R$ 777,43). Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 555,22), João Pessoa (R$ 583,23) e Recife (R$ 592,19).
A comparação dos valores da cesta, entre março de 2023 e 2024, mostrou que todas as cidades tiveram alta de preço, exceto Natal (-1,58%). As maiores variações ocorreram no Rio de Janeiro (10,42%), em Belo Horizonte (8,85%), Brasília (7,84%) e Curitiba (7,11%).
Nos três primeiros meses de 2024, o custo da cesta básica aumentou em todas as cidades, com variações que oscilaram entre 1,42%, em Porto Alegre, e 10,58%, em Salvador.
Com base na cesta mais cara, que, em março, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em março de 2024, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.832,20 ou 4,84 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.412,00. Em fevereiro, o valor necessário era de R$ 6.996,36 e correspondeu a 4,95 vezes o piso mínimo. Em março de 2023, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.571,52 ou 5,05 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.302,00.
Cesta básica x salário mínimo
Em março de 2024, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 108 horas e 26 minutos, maior que o de fevereiro, de 107 horas e 38 minutos. Já em março de 2023, a jornada média foi de 112 horas e 53 minutos.
Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em março de 2024, 53,29% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos, e, em fevereiro, 52,90% da renda líquida. Em março de 2023, o percentual ficou em 55,47%.
Comportamento dos preços dos produtos da cesta básica
• O preço do óleo de soja recuou em todas as 17 capitais entre fevereiro e março. As retrações oscilaram entre -8,18%, em Aracaju, e -0,26%, em Recife. Em 12 meses, todas as cidades acumularam redução, com destaque para Vitória (-2,46%), Florianópolis (-28,05%) e Campo Grande (-26,02%). Mesmo com a demanda firme por óleo de soja, o excesso de oferta do grão fez cair as cotações na maior parte do mês. No varejo, o preço do óleo seguiu em queda.
• O preço do quilo da batata baixou em todas as capitais da região Centro-Sul, onde o tubérculo é pesquisado. As variações oscilaram entre -24,22%, em Campo Grande, e -8,18%, em Vitória. Em 12 meses, todas as cidades tiveram elevação de preço, com destaque para Porto Alegre (72,71%), Florianópolis (72,16%), Rio de Janeiro (70,47%) e Campo Grande (63,68%). A redução pode ser explicada pelo aumento da oferta, causado pelo atraso no plantio, devido ao excesso de chuvas. Depois, com a diminuição das chuvas, houve melhora na produtividade.
• Entre fevereiro e março, o preço médio do arroz diminuiu em 13 capitais. As variações oscilaram entre -7,20%, em Porto Alegre, e -0,15%, em Fortaleza. As altas ocorreram em Belém (2,57%), Recife (2,33%) e Florianópolis (1,39%). Em 12 meses, todas as cidades tiveram elevação de preço, as maiores em Goiânia (40,46%) e São Paulo (35,50%). As cotações caíram devido ao avanço da colheita e à importação do grão, que superou as exportações.
• O valor do quilo da carne bovina de primeira diminuiu em 13 cidades. As reduções mais importantes foram registradas em João Pessoa (-5,77%), Vitória (-2,10%), Belo Horizonte (-1,97%), Rio de Janeiro (-1,85%) e Fortaleza (-1,71%). As altas ocorreram em Florianópolis (4,01%), Aracaju (2,33%), Natal (1,54%) e Campo Grande (0,37%). Em 12 meses, todas as cidades pesquisadas tiveram queda de preço, com destaque para Natal (-10,41%) e Goiânia (-10,11%). O menor volume exportado e a maior oferta de carne explicaram a queda no varejo.
• Houve elevação do preço da banana em 15 das 17 capitais onde a fruta é pesquisada. A coleta abrange os tipos prata e nanica. Entre fevereiro e março, os aumentos oscilaram entre 0,86%, no Rio de Janeiro, e 8,77%, em Natal. As reduções ocorreram em Campo Grande (-6,25%) e Belo Horizonte (-5,75%). Em 12 meses, o preço da fruta acumulou alta em todas as cidades e chegou a 70,13% em Belo Horizonte. Com menor nível de oferta dos dois tipos, o preço no varejo subiu. A maior demanda e a menor oferta elevaram o preço.
• O preço comercializado do tomate subiu, entre fevereiro e março, em 14 capitais, com destaque para as taxas verificadas em Fortaleza (51,54%), João Pessoa (41,10%), Recife (39,68%) e Natal (34,80%). Houve redução do valor em Porto Alegre (-6,78%), Rio de Janeiro (-2,81%) e Belém (-2,42%). Em 12 meses, o preço aumentou em todas as cidades e as taxas oscilaram entre 6,96%, em Belém, e 40,40%, em Florianópolis. A instabilidade climática, devido ao excesso de calor e às chuvas intensas, teve impacto na oferta e, no varejo, houve aumento ainda em março.
• O custo do quilo do café em pó subiu em 12 capitais. Destacam-se as variações de Curitiba (3,81%), Rio de Janeiro (3,09%), Fortaleza (2,78%) e João Pessoa (2,74%). Entre as localidades com quedas nos preços, a mais expressiva ocorreu em Porto Alegre (-3,76%). Em 12 meses, o preço médio caiu em 11 cidades, com variações que oscilaram entre -14,92%, em Porto Alegre, e -2,27%, em São Paulo. As maiores altas acumuladas foram anotadas em Fortaleza (2,78%) e Aracaju (1,09%). O maior volume exportado de café e as incertezas em relação à colheita da safra 2024/2025 explicam a alta no varejo.
Do Dieese