As contas do governo federal registraram déficit (despesas maiores do que as receitas) de R$ 1,527 bilhão no mês passado. Ainda assim, o resultado é o melhor já registrado para o mês desde 2021, quando houve superávit de R$ 2,468 bilhões. Os dados foram divulgados ontem (29) pelo Tesouro Nacional.
Em fevereiro, as contas do governo também tiveram um déficit de R$ 58,4 bilhões. No ano passado, o mês de março registrou déficit de R$ 7,083 bilhões.
O resultado do mês de março das contas do governo ficou melhor do que a mediana das expectativas da pesquisa Prisma Fiscal do Ministério da Fazenda, que indicava um déficit primário de R$ 5,1 bilhões.
O resultado de março foi puxado pela Previdência Social, que registrou déficit de R$ 21,535 bilhões. O Banco Central também teve resultado negativo de R$ 17 milhões. Já o Tesouro Nacional mostrou superávit de R$ 20,024 bilhões.
De acordo com o Tesouro Nacional, em março, a receita líquida foi de R$ 163,8 bilhões, enquanto as despesas totais ficaram em 165,3 bilhões.
Descontada a inflação, houve um crescimento de 4,3% das despesas em março ante igual mês de 2023. Enquanto isso, a receita líquida aumentou em 8,3%.
Contas do governo têm resultado positivo no 1º trimestre. Ceron diz que novas medidas podem ser anunciadas para cumprir meta
No primeiro trimestre deste ano, por sua vez, o resultado das contas do governo ficou positivo em R$ 19,431 bilhões. Mas, no acumulado de 12 meses, o resultado primário do governo central foi deficitário de R$ 247,4 bilhões, equivalente a 2,2% do PIB (Produto Interno Bruto). O resultado é bastante influenciado pelo pagamento de precatórios (valores devidos após condenação judicial definitiva).
O déficit do mês de março aconteceu apesar de um aumento na arrecadação federal, que somou um recorde histórico para o período de R$ 190,5 bilhões.
Segundo o Tesouro Nacional, o resultado da Previdência foi influenciado pelo pagamento de R$ 28,2 bilhões referente ao estoque de precatórios.
Apesar disso, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou que está feliz com o resultado do primeiro trimestre e que as receitas estão mostrando uma dinâmica boa, sinalizando um processo de recuperação fiscal, como resultado das medidas adotadas em 2023 e 2024.
Ao avaliar o resultado do primeiro trimestre, Ceron projeta que o resultado do ano ficaria dentro do intervalo de tolerância da meta (zero, com banda inferior de déficit de 0,25% do PIB).
“Demanda monitoramento e demanda atenção. O país não tem margem em relação ao fiscal para queimar. Precisa continuar muito atento pelo lado das despesas e muito atento pelo lado das receitas”, disse.
Em relação às receitas extraordinárias, Ceron acrescentou que, caso haja frustração, outras medidas podem ser anunciadas para atingir a meta deste ano, que é de déficit zero.
“Vamos acompanhar em abril e maio. Não estamos longe de um patamar para chegar às metas estabelecidas. Estamos muito próximos e entendo hoje viável o cumprimento da meta de 2024 e dos demais anos”, disse.
Em 2023, o governo federal registrou um déficit primário (sem contar as despesas com juros) de R$ 230,5 bilhões. Foi o segundo pior resultado da série histórica.
De acordo com o relatório de avaliação de receitas e despesas divulgado na semana passada, entretanto, as contas do governo deverão registrar um déficit de R$ 9,3 bilhões neste ano.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias