O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central, nesta manhã de segunda-feira (3), mostra que as recentes falas do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, continuam influenciando o humor dos agentes entrevistados para a publicação. Os analistas, ou parte deles (leia explicação aqui). continuam pessimistas e elevaram, mais uma vez, a estimativa de inflação para este ano, ao mesmo tempo em que reduziram apenas para uma a expectativa de corte da taxa Selic.
Para este ano, os analistas dos bancos elevaram a expectativa de inflação de 3,86% para 3,88%. Esse foi o quarto aumento seguido no indicador.
Para 2025, a estimativa de inflação também avançou, de 3,75% para 3,77% na última semana.
Ainda assim, a projeção continua abaixo do teto da meta estipulado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para 2024 e 2025. Nos dois anos, o centro da meta de inflação é projetado em 3%, e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% (menor patamar) e 4,5% (maior patamar).
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), ingressou com uma representação para “identificar eventuais desvios de finalidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na definição da taxa Selic”.
Segundo o subprocurador Lucas Furtado, a apuração se daria por suposta “grande influência as projeções constantes do chamado ‘Boletim Focus’, elaborado a partir de pesquisas macroeconômicas realizadas por diversas instituições, tais como bancos, consultorias, corretoras”.
A decisão vem na esteira de denúncias feitas pelo economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, sobre a manipulação do mercado financeiro sobre o relatório. Ele também levantou suspeitas sobre a interferência das falas do presidente do BC sobre o mercado.
Boletim Focus: mercado prevê corte menor da taxa Selic este ano
A mediana do mercado financeiro também aponta apenas um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
Para o fechamento de 2024, a projeção do mercado para o juro básico da economia subiu de 10% para 10,25% ao ano. Para o ano que vem, o mercado financeiro também elevou sua expectativa de 9% para 9,18% ao ano.
O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) foi mantido estável neste e no próximo ano em, respectivamente, 2,05% e 2%.
Com relação ao dólar, a projeção dos analistas permaneceu em R$ 5,05 em 2024. Para o fim de 2025, também continuou nos mesmos R$ 5,05.
O superávit da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) subiu de US$ 82 bilhões para US$ 82,3 bilhões em 2024, e permaneceu em US$ 78 bilhões no próximo ano.
Para o ingresso de investimento estrangeiro direto, a previsão do relatório continuou em US$ 70 bilhões em 2024 e, para 2025, ficou estável em US$ 73 bilhões.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias