Empresa alemã Fraport se exime de responsabilidade por drenar água de aeroporto de Porto Alegre

O jornalista do ICL Notícias Leandro Demori leu o contrato da concessionária e diz que empresa lavou as mãos sobre a situação do Salgado Filho. Ele comentou o assunto com Eduardo Moreira nesta quarta-feira (5).
5 de junho de 2024

O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, deve continuar fechado pelo menos até dezembro, completando mais de um semestre sem voos em uma das principais capitais do país. O jornalista Leandro Demori, do ICL Notícias, trouxe informações sobre o contrato de concessão entre a Fraport e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) no Desperta ICL de ontem (4).

A Fraport é uma empresa com ações na bolsa alemã e que tem o estado de Hesse como sócio majoritário.

“Privatizamos um aeroporto do estado do Rio Grande do Sul para o estado de Hesse, na Alemanha, onde fica Frankfurt. É o que foi feito em termos de concessão”, explicou Demori (para saber mais, clique aqui e aqui ).

Na edição de hoje do ICL Notícias 1ª edição, ele abordou detalhes do assunto ao lado do economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira.

Demori disse que leu o contrato de concessão e compartilhou o que descobriu. “O Brasil decidiu conceder a gestão de administração do aeroporto para uma empresa alemã, chamada Fraport. É como o Edu fala: ‘a gente concede a gestão dos serviços públicos do Brasil para entidades de serviços públicos estrangeiras’. A Fraport, o maior acionista dela é o estado de Hesse, na Alemanha, onde fica Frankfurt. Então, o estado do Rio Grande do Sul abriu mão da gestão de seu aeroporto em nome do estado onde fica Frankfurt”, disse.

aeroporto de porto alegre

O jornalista Leandro Demori. Reprodução: ICL Notícias 1ª edição/YouTube

Segundo Demori, “a Alemanha está ganhando dinheiro com o Salgado Filho”. Ele explicou que o contrato explicita os riscos para a empresa alemã quando ela assume o aeroporto, incluindo “danos por caso fortuito ou força maior”, o que significa enchentes, terremotos, guerras e pandemia. “A Fraport é responsável por isso, não o Estado brasileiro!”, disse o jornalista, complementando que, quando a empresa assinou o contrato de concessão, estava ciente de todos os riscos.

Além disso, Demori revela que a concessionária pedirá a renegociação de contrato por causa dos prejuízos causados pela inundação.

Contrato de concessão do aeroporto de Porto Alegre prevê que seguro tem que cobrir enchentes

Além disso, ele também afirmou que o contrato prevê que a Fraport é responsável por contratar seguro, que “deveria cobrir casos fortuitos e de força maior”. “O seguro diz que eles não cobrem casos de enchentes e alagamentos, mas as cláusulas especiais do seguro cita, em dois momentos, a palavra enchente e diz que cobre”, disse Demori, concluindo na sequência: “O resumo da ópera é: a Fraport está de braços cruzados, ela não mexeu no aeroporto de Porto Alegre até a semana passada, ela não drenou o aeroporto dizendo que era impossível drenar, mas temos vídeos dos arrozeiros drenando o aeroporto”, disse.

O jornalista disse que chegou a enviar perguntas aos acionistas da empresa sobre a citação e que a resposta foi que eles “não iam drenar o aeroporto porque o aeroporto não é deles”. Contudo, ele lembrou que, no ano passado, a mesma Fraport drenou o aeroporto de Frankfurt quando houve enchente lá. Ou seja, a empresa quer jogar no colo do estado brasileiro essa responsabilidade.

“O sonho capitalista é esse, né? O Estado é a grande resseguradora da iniciativa privada”, pontuou Eduardo Moreira.

Assista aos comentários no vídeo abaixo:

 

Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias 1ª edição

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