O Relatório de Inflação divulgado pelo Banco Central, nesta manhã de quinta-feira (27), revisou a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2024 de 1,9% para 2,3%. Também elevou a estimativa de inflação de 3,5% para 4,0% em 2024; e de 3,2% para 3,4% em 2025, o que já havia sido adiantado na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC.
O BC argumentou no relatório que a revisão do crescimento do PIB ocorreu após “surpresas positivas no primeiro trimestre”, como as arrecadações de impostos, consumo das famílias e investimentos correntes em ativos fixos.
Sobre a inflação, o documento diz: “Na projeção do cenário de referência, a inflação sobe no segundo trimestre de 2024 e depois retoma trajetória de declínio, mas ainda permanece acima da meta”.
Também levou em conta os esforços para reconstrução do Rio Grande do Sul. Na avaliação do BC, embora os números indiquem queda expressiva do nível de atividade local no estado no mês de maio, a tragédia climática no RS terá impacto negativo modesto sobre o crescimento anual do PIB nacional.
Segundo o BC, os efeitos negativos devem ser bastante concentrados no segundo trimestre e compensados pelos esforços de reconstrução do estado.
Por outro lado, aponta que as enchentes devem afetar o desempenho do setor da agropecuária. A projeção para a variação anual do setor passou de -1,0% para -2,0%, refletindo, principalmente, a piora nas projeções do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a produção agrícola, principalmente de soja e milho, afetadas em parte pelos estragos em lavouras do Rio Grande do Sul.
Esse efeito deve ser compensado, no entanto, pelas projeções de crescimento para os setores de serviços e indústria, que foram revisados para cima. Na indústria, a projeção foi elevada de 2,2% para 2,7%, enquanto no setor de serviços aumentou de 2,0% para 2,4%.
Além de elevar projeção de crescimento do PIB, relatório destaca recuo da inflação no acumulado em 12 meses
O relatório destaca que a inflação acumulada em 12 meses recuou de 4,5% em fevereiro para 3,9% em maio. No entanto, as expectativas dos analistas econômicos voltaram a aumentar e a ficar mais longe da meta de 3%.
Ainda aponta que uma maior inflação no resto do mundo e inflação de serviços mais alta do que o esperado poderiam dificultar o controle da inflação.
Por outro lado, aponta que a redução do crescimento econômico global e maior redução da inflação no mundo em virtude de políticas monetárias restritivas poderiam ajudar a reduzir a inflação no Brasil.
O CMN (Conselho Monetário Nacional) confirmou ontem meta central de 3,0% para 2024, 2025 e 2026, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo (1,5% a 4,5%).
O governo também publicou ontem (26) decreto que estabelece a sistemática de meta contínua para inflação a partir de janeiro de 2025. Na prática, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial) deixará de ser medido a cada ano-calendário e passará a ser verificado continuamente.
Confira trechos do relatório
Inflação:
- A inflação acumulada em 12 meses recuou de 4,5% em fevereiro para 3,9% em maio. Também houve diminuição da inflação trimestral.
- A inflação de serviços diminuiu, mas continua elevada.
- As expectativas de inflação futura dos analistas econômicos voltaram a aumentar e a ficar mais longe da meta de 3%.
Projeções de inflação:
- As projeções de inflação subiram de 3,5% para 4,0% em 2024 e de 3,2% para 3,4% em 2025.
Maior inflação no resto do mundo e inflação de serviços mais alta do que o esperado poderiam dificultar o controle da inflação. - Por outro lado, redução do crescimento econômico global e maior redução da inflação no mundo em virtude de políticas monetárias restritivas poderiam ajudar a reduzir a inflação no Brasil.
- Uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros.
Atividade econômica:
- A economia brasileira cresceu bem no primeiro trimestre de 2024. O consumo das famílias e os investimentos aumentaram fortemente.
- O mercado de trabalho se aqueceu nos meses mais recentes, com queda do desemprego e aumento dos salários.
- As enchentes no Rio Grande do Sul causaram uma queda grande da atividade econômica gaúcha em maio, mas já há sinais de recuperação.
- A projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2024 foi revisada para cima, de 1,9% para 2,3%.
Cenário externo:
- Os mercados de trabalho ainda estão aquecidos e explicam a persistência dos núcleos de inflação.
- Alguns bancos centrais já reduziram as taxas de juros enquanto outros ainda não iniciariam o ciclo de cortes.
- A calibragem da taxa de juros para assegurar a conclusão do processo de desinflação é complexa.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias