A ex-diretora das Lojas Americanas Anna Christina Ramos Saicalli, envolvida no caso de fraude fiscal bilionária da varejista, desembarcou no Brasil na manhã desta segunda-feira (01). Ao chegar no Terminal 3 de Guarulhos, destinado aos voos internacionais, Anna foi encaminhada para a Delegacia Especial do Aeroporto Internacional de São Paulo da PF, dentro do aeroporto.
O ex-CEO da empresa Miguel Gutierrez foi solto no sábado (29) em Madri, na Espanha, após prestar depoimento às autoridades espanholas. Ele havia sido preso na sexta-feira (28) pela polícia espanhola.
Anna havia deixado o país no dia 15 de junho, quando viajou para Lisboa, em Portugal. A executiva apresentou-se a autoridades portuguesas na noite de ontem (30), quando embarcou para o Brasil.
Após permanecer por um tempo na delegacia do aeroporto, Anna Christina, que foi CEO do banco digital da Americanas, a AME, deixou o aeroporto perto das 7h50 por uma saída lateral exclusiva da Polícia Federal, sem contato com os demais passageiros e sem falar com os jornalistas.
Já a defesa de Miguel Gutierrez disse que ele jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude. “Vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios, manifestando uma vez mais sua absoluta confiança nas autoridades brasileiras e internacionais”, diz a nota da defesa.
A defesa argumenta ainda que ele está em sua residência em Madri, no mesmo endereço comunicado desde 2023 às autoridades espanholas e brasileiras, “onde sempre esteve à disposição dos diversos órgãos interessados nas investigações em curso”.
O executivo foi preso por meio de cooperação policial internacional, por intermédio da Polícia Federal. Ele era o principal alvo foragido da Operação Disclosure, deflagrada na quinta-feira passada (27). Anna também era investigada na mesma operação.
Segundo informações da coluna de Malu Gaspar, em O Globo, Gutierrez trocou de nome quando chegou à Espanha, há um ano. Ele deixou de usar o Gutierrez, assim como todos os familiares que estão com ele por lá, e passou a se chamar Miguel Sarmiento Gomes Pereira quando se naturalizou espanhol.
De acordo com relatos dos investigadores espanhóis que ajudaram a localizá-lo na Espanha nos últimos meses aos brasileiros, a mudança teria dificultado o trabalho de encontrar o executivo quando foram contatados pela Polícia Federal, em fevereiro deste ano.
Lojas Americanas: ‘bilionários foram blindados’, diz deputado que investigou fraude
Para o deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ), que foi membro titular da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apurou a fraude, personagens importantes estão sendo poupados nas investigações.
“Além dos dois executivos, é preciso responsabilizar sobretudo os chamados acionistas de referência, porque eles são majoritários”, disse Tarcísio ao ICL Notícias, referindo-se aos bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. “Eles se beneficiaram com o lucro inflado da companhia e beira o absurdo imaginar que não soubessem do que estava acontecendo”.
“Esse é um caso efetivo em que os bilionários terminam blindados por ‘N’ motivos”, lamentou.
Essa proteção, admitiu Tarcísio, aconteceu até mesmo na comissão parlamentar que tratou do assunto. “A maioria da CPI trabalhou para blindar os três acionistas de referência, mesmo com indícios fortíssimos, sobretudo quanto a Sicupira, que acompanhava a questão das Lojas Americanas mais de perto”, afirmou o psolista, que é pré-candidato à Prefeitura do Rio.
O deputado contou que a maior parte dos integrantes da comissão alegava que convocar os acionistas majoritários seria um constrangimento, que poderia haver abalo no mercado. “Não deu tempo pra que a gente pudesse analisar todos os documentos que foram solicitados. Alguns documentos sequer chegaram a ser solicitados, nem os funcionários foram requisitados pela CPI. Ou seja, a CPI foi uma grande farsa”, resumiu.
Redação ICL Economia
Com informações de O Globo e ICL Notícias