O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que não quer politizar a discussão sobre política monetária, mas sempre dá o seu jeitinho. Nesta terça-feira (2), ele afirmou que o BC tem que ficar fora da “arena política”, ao argumentar que o tempo mostrará que o trabalho da autoridade monetária é técnico.
Falando em fórum promovido pelo BCE (Banco Central Europeu) em Sintra, Portugal, Campos Neto afirmou que se observa nas últimas semanas um prêmio de risco elevado no Brasil, com incertezas relacionadas ao que acontecerá quando a autoridade monetária tiver um novo comando.
Ou seja, mais uma vez, Campos Neto age contra o Brasil diante da nata do mercado financeiro internacional, o que é muito ruim para a imagem do país. As declarações de Campos Neto foram feitas ao lado da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e do presidente do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, que também participaram do painel.
“Como Banco Central, temos que ficar fora da arena política e tentar seguir com o trabalho técnico. E acho que o que fizemos… acho que é uma prova viva de que tudo que foi feito foi técnico”, afirmou.
“Há um prêmio de risco na curva (de juros), e ele tem sido elevado nas últimas semanas com a incerteza sobre o que acontecerá quando a próxima liderança, o próximo time (do BC) assumir.”
O presidente da autarquia ponderou que a última decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), de manter a taxa básica Selic em 10,50% ao ano, foi unânime, com apoio de quatro indicados pelo atual governo, entendendo o que seria melhor para o país.
Para ele, cujo mandato no comando do BC se encerra em dezembro, o prêmio de risco relacionado ao tema tende a cair com o tempo.
O Banco Central, e principalmente Campos Neto, têm sido alvo de reiteradas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que tem gerado volatilidade no mercado brasileiro.
Nesta terça, Lula afirmou que o país vive um ataque especulativo e disse que o governo fará “alguma coisa” em relação à alta do dólar ante o real. Ele também voltou a criticar Campos Neto, a quem acusou de ter “viés político”, ressaltando que o BC não pode estar a serviço do sistema financeiro.
Quanto à inflação, o presidente do BC afirmou que existe uma desconexão entre o que os números atuais mostram e as expectativas. Ele se disse confiante de que a inflação futura será menor do que as projeções que o mercado está fazendo neste momento. Essas previsões não estão “sincronizadas com a realidade”, disse Campos Neto.
Para Luís Nassif, Campos Neto faz “terrorismo”
Com cinco décadas de estrada no jornalismo econômico, o comentarista de economia do ICL Notícias Luís Nassif criticou, nesta terça-feira, a postura do presidente do Banco Central. Para ele, Campos Neto faz “terrorismo”. “O Roberto Campos está fazendo terrorismo. Veja bem: o Banco Central tem uma ferramenta [guidance] que são as indicações para aonde ele vai. É uma ferramenta potente, porque não interessa ao mercado acertar ou errar projeções, interessa ficar junto com o Banco Central. Em um encontro em Washington, o Roberto Campos falou que a economia – que está com todos os indicadores bons -, ele deu um recado lá que vê preocupações em relação à parte fiscal – e a parte fiscal está sob controle”, disse Nassif se referindo as falas de Campos Neto em um evento com empresários nos Estados Unidos, no qual ele falou do risco fiscal do Brasil, e o mercado começou a ter volatilidade a partir daí.
Nessa época, ele também abandonou o guidance, que indicava que a taxa de juros (Selic) teria mais uma queda de 0,50 ponto percentual, o que acabou não acontecendo e provocando um racha no Copom, o que também pegou mal no mercado.
“Ele dá esse sinal e o mercado começa a virar. Quando o mercado começa a virar, você tem um cartel que atua no mercado financeiro (…) O Eduardo Moreira [economista e fundador do ICL] escancarou quando ele mostrou aquelas projeções de inflação 2026 de 8% [no Boletim Focus]. É claramente um movimento especulativo”, disse Nassfi.
“Eu tenho mais de 50 anos de jornalismo e eu nunca vi um presidente de Banco Central tão irresponsável quanto o Roberto Campos Neto. Você vai ter que ter uma investigação, vai ter que ter ir para a parte do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] de cartel e, também, sobre as contas pessoais dele”, frisou.
Assista ao comentário completa de Luís Nassif no vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações de Brasil 247 e ICL Notícias 1ª edição