O valor da cesta básica aumentou em 10 das 17 capitais onde o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre maio e junho de 2024, as elevações mais importantes ocorreram no Rio de Janeiro (2,22%), em Florianópolis (1,88%), Curitiba (1,81%) e Belo Horizonte (1,18%). Já as principais quedas foram registradas em Natal (-6,38%) e Recife (-5,75%).
Em junho de 2024, o custo da cesta básica na cidade de São Paulo foi o maior entre as 17 cidades, chegando a R$ 832,69, alta de 0,71% em relação a maio. Na comparação com junho de 2023, o valor subiu 6,34%. Nos seis primeiros meses do ano, acumulou aumento de 9,42%.
Entre maio e junho de 2024, sete dos 13 produtos que compõem a cesta básica tiveram alta nos preços médios: batata (12,10%), leite integral (5,50%), arroz agulhinha (2,89%), óleo de soja (2,22%), tomate (1,29%), manteiga (1,08%) e farinha de trigo (0,99%). Outros seis produtos apresentaram redução de valores: feijão carioquinha (-4,65%), banana (-3,85%), carne bovina de primeira (-0,84%), café em pó (-0,36%) e açúcar refinado (-0,22%). O valor médio do pão francês quase não variou (-0,05%).
São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 832,69), seguida por Florianópolis (R$ 816,06), Rio de Janeiro (R$ 814,38) e Porto Alegre (R$ 804,86). Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 561,96), Recife (R$ 582,90) e João Pessoa (R$ 597,32).
A comparação dos valores da cesta, entre junho de 2023 e junho de 2024, mostra que o custo da cesta básica aumentou em 13 cidades, com destaque para as variações no Rio de Janeiro (9,90%), em Curitiba (7,66%), Brasília (7,51%) e Belo Horizonte (6,94%).
A retração mais importante foi registrada em Recife (-6,16%). Nos seis meses de 2024, todas as cidades tiveram elevação nos preços médios e os percentuais variaram entre 4,29%, em Vitória, e 10,62%, em Fortaleza.
Cesta básica x salário mínimo
Com base na cesta mais cara, que, em junho, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.
Em junho de 2024, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.995,44 ou 4,95 vezes o mínimo de R$ 1.412,00. Em maio, o valor necessário era de R$ 6.946,37 e correspondeu a 4,92 vezes o piso mínimo. Em junho de 2023, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.578,41 ou 4,98 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.320,00.
Em junho de 2024, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 109 horas e 53 minutos, menor que em maio, quando ficou em 110 horas e 31 minutos. Já em junho de 2023, a jornada média foi de 113 horas e 13 minutos.
Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em junho de 2024, 54,00% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos, e, em maio, 54,31% da renda líquida. Em junho de 2023, o percentual ficou em 55,63%.
Em junho de 2024, o trabalhador de São Paulo, remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.412,00, precisou trabalhar 129 horas e 44 minutos para adquirir a cesta básica, tempo maior do que em maio, quando necessitou de 128 horas e 50 minutos. Em junho de 2023, quando o salário mínimo era R$ 1.320,00, foram necessárias 130 horas e 31 minutos para aquisição da cesta.
Considerando o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o mesmo trabalhador comprometeu, em junho de 2024, 63,75% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica, suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Em maio, o percentual gasto foi de 63,31%. Já em junho de 2023, o trabalhador comprometia 64,13% da renda líquida.
Do site Dieese.org.br