O presidente Jair Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, com pouco mais de 40 dias no cargo. O anúncio foi formalizado nesta segunda-feira (23). O indicado para substituí-lo é o atual secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Mário Paes de Andrade.
A mudança na direção da estatal é consequência da troca de comando do Ministério de Minas e Energia. Com a entrada de Adolfo Sachsida, que foi ex-secretário do ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro cobrou mudanças na postura da Petrobras com relação aos preços praticados.
Com o preço alto dos combustíveis e de energia elétrica ameaçando sua reeleição, Bolsonaro vinha demonstrando insatisfação em relação à gestão de Coelho à frente da Petrobras.
Agora, tanto Sachsida quanto Paes de Andrade – ministro e presidente da Petrobras respectivamente – são próximos a Guedes, o que demonstra o tamanho da influência que ele terá no comando da companhia. Vale lembrar que Guedes tem se mostrado simpático à ideia de privatizar a Petrobras, como sugeriu o ministro de Minas e Energia em seu primeiro dia no cargo.
Também vale ressaltar que essa é a terceira mudança no comando da estatal, sempre pelo mesmo motivo: a insatisfação do presidente em relação à alta dos preços dos combustíveis. Porém, nenhum dos ocupantes do cargo sinalizou para uma mudança na política de preços, que hoje está atrelada ao mercado internacional, o que realmente poderia impactar no valor dos combustíveis.
Enquanto os presidentes da Petrobras mudam, a política de preços segue a mesma, garantindo lucros bilionários e dividendos aos acionistas da estatal.
Novo presidente da Petrobras pode não preencher requisitos ao cargo
Em comunicado, o MME anunciou a indicação de Caio Paes de Andrade como presidente da Petrobras e afirmou que “o indicado reúne todas as qualificações para liderar a Companhia a superar os desafios que a presente conjuntura impõe”.
No entanto, setores que representam acionistas minoritários no conselho da Petrobras questionam a experiência profissional de Caio Paes de Andrade, salientando que ela não preenche os requisitos definidos pela Lei das Estatais aprovada pelo governo Michel Temer, que são adotados pela Petrobras em seu estatuto social. A apuração da informação é da Folha de S. Paulo.
Segundo a lei, os postulantes a cargos de direção devem ter experiência de dez anos na mesma área de atuação da empresa pública ou em área conexa; ou quatro anos na chefia em empresa de porte equivalente, cargo em comissão ou de confiança no setor público; ou cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da estatal para a qual foi nomeado. Pelo apurado até agora, este parece não ser o caso de Caio Paes de Andrade.
A avaliação da compatibilidade do currículo dos nomeados à Petrobras é feita por um comitê específico, formado por membros independentes. Os integrantes têm a atribuição de recomendar, ao conselho de administração da PPSA (Pré-Sal Petróleo SA), aprovação ou rejeição dos nomes, com base em requisitos, incluindo os estabelecidos pela Lei das Estatais.
Cabe salientar que o comitê apenas faz recomendações. A escolha definitiva é do conselho de administração, que tem seis membros indicados pela União, quatro por minoritários e um pelos trabalhadores. É a formação com menor número de representantes do governo, mas ainda assim compõe a maioria.
Quem é o novo indicado para presidir a Petrobras
Coelho é ex-secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. Formado em Química Industrial e mestre em Engenharia dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), ele fez doutorado em Planejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Antes de ser secretário do Ministério de Minas e Energia e presidente da PPSA, passou mais de uma década na estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Caio Mário Paes de Andrade era secretário do ministro Paulo Guedes e tinha seu nome como possível para substituir Joaquim Silva e Luna, demitido em março. Na ocasião, a pessoas próximas, o ministro da Economia chegou a comentar, entusiasmado, que “vinha coisa grande” para seu secretário. Guedes levou ao presidente Jair Bolsonaro o nome de Paes de Andrade com o argumento de que a escolha acalmaria pressões do mercado com uma eventual demissão de Silva e Luna e que seu nome seria melhor absorvido do que o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim — nome próximo ao de Bolsonaro e que agradava muito ao presidente.
Redação ICL Economia
Com informações das agências