A indefinição do governo sobre o reajuste do funcionalismo federal foi tema de comentário de ministro Paulo Guedes, nesta manhã (25), em Davos (Suíça), onde participa do Fórum Econômico Mundial. Guedes afirmou que o aumento de 5% para todas as categorias é o único possível dentro do Orçamento.
O ministro disse que há espaço limitado para o reajuste do funcionalismo público federal e não há como repor perdas passadas por causa da inflação. “Você pode até dar alguma coisa, mas esquece o que ficou para trás. Perdas acontecem. Todo mundo perdeu no mundo inteiro. Daqui para frente, é preciso manter? A inflação acumulada neste ano é de 5% até agora. É possível repor o funcionalismo deste ano? Sim, é possível, até 5% dá. É por lei, em ano eleitoral, você só pode dar até a inflação e linear”, explicou o ministro
Na semana passada, o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, afirmou que o reajuste de 5% para os servidores públicos federais pode fazer com que o bloqueio do orçamento de 2022 aumente para até R$ 16,2 bilhões.
O custo estimado para o reajuste linear a todas as categorias seria de cerca de R$ 6 bilhões somente em 2022. No entanto, o Orçamento da União para este ano só tem reservado para aumento salarial de servidores o valor de R$ 1,7 bilhão. Com isso, a administração pública teria que remanejar recursos de outras áreas para bancar o reajuste linear para todas as categorias do funcionalismo federal.
Reajuste do funcionalismo impulsiona protestos e greves
Os servidores federais pressionam o governo para obter reajuste que compense, ao menos, as perdas inflacionárias.
Nesta terça-feira (24), os servidores do Banco Central decidiram continuar em greve por tempo indeterminado. A manutenção do movimento foi aprovada por 90% dos votos válidos em assembleia virtual da categoria. De acordo com o Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal), as divulgações periódicas de estatísticas e as atividades não essenciais da autoridade monetária continuam paralisadas.
Segundo o presidente do sindicato Fabio Faiad, não há nenhuma reunião marcada com a diretoria do Banco Central para retomar as negociações. A categoria pede recomposição salarial de 27%, além de pautas de reestruturação de carreira.
Faiad também afirmou que “vamos trabalhar para que o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) não saia ou para que tenha um escopo reduzido”, afirmou o presidente do sindicato. Questionado, contudo, o BC informou que a reunião do Comef segue agendada para esta quinta-feira (26).
A greve dos servidores do BC foi iniciada no dia 1º de abril. De 20 de abril a 2 de maio, a categoria fez uma trégua, como um “voto de confiança” no presidente do BC e na tentativa de avançar nas negociações do governo. Mas, sem novidades, retomou a paralisação no dia 3 de maio. Com isso, estão suspensas as divulgações regulares do BC, como o Boletim Focus, os dados do fluxo cambial e as estatísticas fiscais, de crédito e do setor externo. Há também atrasos na divulgação da taxa Ptax diária, o que deixa o mercado financeiro em constante atenção. Já o Pix e o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) estão em operação.
Além dos servidores do BC, os do Tesouro Nacional iniciaram uma greve na segunda-feira (23) e os da Controladoria-Geral da União (CGU) iniciam o movimento paredista na próxima segunda-feira (30). As duas categorias pleiteiam um reajuste de 27%.
Policiais federais organizam manifestações
Policiais federais, inconformados com o presidente Jair Bolsonaro em não conceder aumento salarial à categoria, começaram a colocar em prática, nesta terça-feira (24), uma estratégia para pressionar o governo. A ideia, a partir de agora, é organizar manifestações pontuais e, com isso, prolongar as mobilizações em busca da reestruturação da Polícia Federal (PF). Uma das principais bandeiras é recomposição de salários mais ampla que o reajuste de 5% anunciado para todo o funcionalismo federal.
O primeiro protesto dos policiais federais foi organizado na porta da superintendência da Polícia Federal no Ceará. O ato teve faixas cobrando que Bolsonaro “honre a palavra” e “cumpra a promessa de valorização” dos servidores da corporação. O presidente Jair Bolsonaro já chegou a defender aumento de 20% para os policiais e segue defendendo reajuste maior para a categoria, que considera sua aliada para a reeleição, mas nada está definido.
As mobilizações por reajuste do funcionalismo estão sendo organizadas em superintendências, delegacias, portos, aeroportos e postos da PF. Outra reação é a redução na análise dos pedidos de porte de armas, uma das promessas de campanha do presidente.
Redação ICL Economia
Com informações das agências