Os economistas do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) Eduardo Moreira e Deborah Magagna abordaram o problema de saúde pública gerado pelas bets, as apostas e, também, cassinos on-line, que foram regularizados no Brasil no fim do ano passado e já estão se tornando um problema de saúde pública. Os dois trouxeram dados que mostram que apostadores já têm gastado mais dinheiro com essas apostas do que com itens de necessidades básicas.
As apostas esportivas on-line são liberadas no Brasil desde 2018. No entanto, somente no fim do ano passado esse mercado foi regularizado. Em 30 de dezembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou, com vetos, a lei que regulamenta as bets.
“O maior problema que está crescendo no Brasil sem as pessoas se darem a devida importância, sem as pessoas terem noção do tamanho do problema. A gente tá falando do mercado de apostas esportivas no Brasil, e eu vou mostrar um gráfico agora que vai chocar”, disse Moreira na edição de sexta-feira passada (16) do ICL Notícias 1ª edição.
O economista e fundador do ICL mostrou um gráfico apresentando a evolução dos países que mais gastam dinheiro em sites de apostas ao longo dos últimos 15 anos. Em 2011, por exemplo, os Estados Unidos e Reino Unido estavam nas primeiras colocações. Naquela época, o Brasil ainda não aparecia no ranking.
A partir da entrada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara, o Brasil começa a entrar na lista dos 15 países com mais apostas on-line. Muito rapidamente, o Brasil chegou à primeira colocação (clique aqui para ver o vídeo).
Os brasileiros gastaram cerca de US$ 11,1 bilhões (aproximadamente R$ 54 bilhões), entre janeiro e novembro do ano passado, com as apostas esportivas on-line, segundo dados do Banco Central divulgados na ocasião.
O valor aproximado corresponde a remessas feitas para empresas do setor que atuam no exterior. Além disso, o montante total de recursos no acumulado em 11 meses é maior, por exemplo, do que o movimentado pelas exportações brasileiras de carne bovina no ano passado (US$ 9,5 bilhões ou R$ 46,3 bilhões).
Cerca de US$ 8,9 bilhões (R$ 43,3 bilhões) gastos por brasileiros em sites de apostas no exterior referem-se a valores transferidos para formar o montante a ser rateado entre os vencedores – o valor apostado pelos jogadores. Outros US$ 2,2 bilhões (R$ 10,7 bilhões) se referem à taxa de serviço retida pelos sites que operam as apostas.
Deborah Magagna: brasileiro gasta 2% da renda com as bets ou outro tipo de aposta
A economista e co-apresentadora do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna, também abordou o assunto na sexta-feira passada. Ela trouxe dados de um relatório do Banco Itaú que mostra o comportamento de gastos de brasileiros com as apostas esportivas on-line.
Um estudo macroeconômico realizado pelo banco Itaú projetou um gasto anual de R$ 23,9 bilhões com jogos e apostas on-line no país. O levantamento foi conduzido pelos economistas Luiz Cherman e Pedro Duarte.
O estudo levou em conta os balanços de pagamentos do Banco Central e gasto com marketing pelas empresas. O acompanhamento do BC considera dinheiro que sai do país para o exterior, onde as casas de aposta são registradas.
A conta considera tudo que o Banco Central entende por jogos e apostas – como as “bets”, cassinos online como o “jogo do tigrinho” e outros jogos por aplicativos – que envolvem dinheiro.
Os números do Itaú sugerem que os brasileiros colocaram R$ 68,2 bilhões nessas plataformas e conseguiram sacar R$ 44,3 bilhões, com uma perda de R$ 23,9 bilhões. A grosso modo, isso significa que a cada R$ 3 aplicados nas casas de apostas, o brasileiro perde R$ 1.
“O que eu quero chamar atenção aqui (…), esses gráficos que saltam de uma hora para a outra, o que já é bastante alarmante”, pontuou Deborah.
O que mais chamou a atenção da economista é que o brasileiro gasta quase 2% do salário com aposta esportiva ou outros tipos de apostas.
“O brasileiro gasta 2% da sua renda, que equivale a 0,22% do nosso PIB [Produto Interno Bruto], em apostas esportivas”, disse.
Para assistir à análise de Eduardo Moreira, veja o vídeo abaixo:
Para assistir ao comentário de Deborah Magagna, veja o vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias 1ª edição e ICL Mercado e Investimentos