Apenas 8% dos trabalhadores do País tiveram reajuste do salário acima da inflação. Para 46% dos trabalhadores, o reajuste salarial cobriu somente as perdas inflacionárias medidas pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). A outra fatia de 46%, o reajuste ocorrido ficou abaixo da inflação, com perda real de salário. É o que mostra o balanço das negociações salariais mensais do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), em abril.
Abril apresenta o pior resultado das negociações desde novembro de 2021, quando apenas 4,2% dos trabalhadores tiveram reajuste real de salário. Abril ainda marca o pior mês desde fevereiro em relação ao número de trabalhadores com perda real de salário.
Na análise dos economistas do ICL Economia, André Campedelli e Deborah Magagna, com o alto desemprego e a desorganização do trabalho, devido ao enfraquecimento dos sindicatos, o resultado das negociações salariais tem sido cada vez pior para os trabalhadores. “Os reajustes do mês de abril mostram uma porcentagem muito baixa de pessoas com ganhos reais e uma elevada parcela com perda de renda. O cenário ajuda a explicar a baixa renda atual da população brasileira, que contribui para a baixa atividade econômica neste momento”, afirmam.
Os dados do Dieese mostram que a renda média real do trabalhador brasileiro apresentou nova queda para o mês de abril, sendo agora de 0,76% ante redução de 0,65% em março. Desde o início do período apresentado no trabalho do Dieese, fevereiro de 2021, não ocorre a melhora real, nem ao menos uma recuperação do nível inflacionário na renda média real do trabalhador brasileiro. Esses dados mostram que a população está tendo queda constante do seu poder de compra.
Com a inflação elevada, durante o mês de abril, houve novo aumento do reajuste do salário para manutenção do poder de compra do salário, chegando, agora, em 12,47% ante um valor de 11,73% para março. É a quarta elevação consecutiva, o que significa que, desde que começou o ano, o reajuste necessário não parou de se elevar, resultado da situação inflacionária na qual o país vive atualmente.
Regiões sul e sudeste apresentam maior índice de reajuste do salário, acima da inflação
A região Centro-Oeste é a que apresenta a pior situação em relação às negociações salariais no acumulado do ano. Do total, 63,7% das negociações do mês resultaram em reajuste abaixo da inflação e apenas 15,3% das negociações ficaram acima da inflação. A região norte também teve um elevado índice de reajuste abaixo da inflação, de 50,7%.
Dentre as regiões com bons resultados na negociação salarial, está a sul, onde apenas 23,4% das negociações resultaram na queda do salário real. O melhor desempenho foi obtido na região sudeste, onde 38,7% das negociações resultaram em reajuste acima da inflação.
No acumulado no ano por tipo de atividade, os serviços apresentaram a melhor situação em relação ao reajuste do salário acima da inflação, com 29,8% das negociações salariais, indicando reajuste real do salário. Na sequência, está a indústria, com 29,4% das negociações salariais acima da inflação. O setor de comércio teve o pior resultado, com apenas 17,1%.
Em relação aos menores reajustes – abaixo da inflação –, a pior situação também ficou com o setor de serviços, registrando 45,1% dos reajustes com perda real, seguido pela indústria, com 35,6% e pelo comércio, com 33,4%.
Houve uma piora acentuada nos últimos três anos nos salários dos trabalhadores da iniciativa privada que, com a inflação em alta, enfrentam dificuldades em obter reajuste. Segundo dados do Dieese, em 2018, apenas 9% das categorias não haviam conseguido aumento além da inflação. Em 2021, o índice cresceu mais de cinco vezes, subindo para 47%.
Em 2021, apenas 15% dos reajustes negociados resultaram em ganhos reais (acima da inflação). Outros 47% dos acordos ficaram abaixo do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que serve de referência para reajustes salariais, enquanto 38% tiveram correções exatamente conforme a inflação (nem ganharam nem perderam).
Redação ICL Economia
Com informações do Boletim “Economia para Todos Investidor Mestre”