A Petrobras deve esperar para mexer nos preços dos combustíveis, ainda que o preço do petróleo tenha despencado no mercado internacional. Ontem (10), a cotação da commodity bateu no menor nível em em três anos, finalizando o dia cotada a US$ 70, com dois assuntos no radar: o relatório da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que apontou desaceleração na demanda, puxada principalmente pela China; e as preocupações com os efeitos da tempestade tropical Francine, que se aproximou dos Estados Unidos, maior produtor da commodity.
Porém, hoje de manhã, os preços do petróleo operavam com alta com o aumento das preocupações com a tempestade tropical, que pode interromper o fornecimento de petróleo. Ainda assim, o Petróleo mantinha a cotação na casa dos US$ 70,24 o barril.
Na avaliação de analistas, o cenário reflete desconfiança sobre os rumos da economia chinesa e dados mais fracos sobre o desempenho econômico dos Estados Unidos.
O movimento de queda nos preços, que se iniciou em maio, eliminou as defasagens dos preços dos combustíveis no Brasil, que se mantinham desde o início do ano.
Em maio do ano passado, a Petrobras anunciou o fim do PPI (Paridade de Preço de Importação), que acaba provocando muita volatilidade nos preços dos combustíveis no Brasil, uma vez que a antiga política estava atrelada ao dólar e ao preço do barril do petróleo no mercado internacional. A partir da mudança, a Petrobras tem passado longos períodos sem reajustes nos preços.
Na abertura do mercado de terça, o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,16 por litro acima da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). O diesel estava R$ 0,07 por litro mais caro.
Dados da entidade indicam que a Petrobras vem vendendo a gasolina acima da paridade desde meados de agosto, mas o mercado não espera que a estatal reduza o preço neste momento. A percepção é compartilhada por fonte próxima à administração da empresa, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.
Procurada pela reportagem, a Petrobras disse que não antecipa decisões de reajuste. A estatal costuma dizer que sua política de preços mitiga o repasse de volatilidades externa, “proporcionando períodos de estabilidade de preços aos nossos clientes”.
Petrobras foi a petroleira que mais pagou dividendos no 2º trimestre
Estudo da consultoria Janus Henderson mostra que a Petrobras foi a petroleira que mais pagou dividendos a acionistas no segundo trimestre. No período, foram distribuídos US$ 4,1 bilhões (R$ 23 bilhões) pela estatal. A estatal brasileira aparece em 13° lugar na lista das maiores pagadoras globais.
O estudo é feito trimestralmente com a análise dos dividendos de 1.200 empresas em todo o mundo. A edição lançada ontem (10) mostra novo recorde na remuneração aos acionistas, com um total de US$ 606 bilhões (R$ 3,4 trilhões).
Segundo a Janus Henderson, o valor distribuído pelas empresas a seus acionistas no segundo trimestre de 2024 representa alta de 8,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Um terço da alta foi provocada por bancos, principalmente os europeus.
A Petrobras já ocupou o segundo lugar na lista em 2022, mas ficou fora do top 20 no ano passado. No segundo trimestre de 2024, a estatal brasileira foi a a única petroleira entre as 20 maiores pagadoras. O ranking é liderado pelo banco britânico HSBC.
Isso ocorre mesmo com a mudança na política de distribuição de dividendos implementada pelo governo Lula 3, reduzindo de 60% para 45% a parcela do fluxo de caixa livre destinada aos dividendos.
No balanço do segundo trimestre, a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 13,6 bilhões em dividendos, mesmo com prejuízo de R$ 2,6 bilhões no período — segundo a empresa, um resultado “pontual” causado por perdas contábeis.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo