A Caixa Econômica Federal anunciou ontem (15) que vai mudar as regras do financiamento para imóveis de até R$ 1,5 milhão a partir de 1º de novembro. A partir das mudanças, o mutuário será obrigado a dar um valor maior de entrada e financiar um percentual mais baixo do imóvel.
Na prática, o banco aumentou as restrições para a concessão de crédito para imóveis pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que financia imóveis com recursos da caderneta de poupança.
As mudanças nos sistemas de financiamento ficarão da seguinte forma:
- SAC (Sistema de Amortização Constante): por esse sistema, em que a prestação cai ao longo do tempo, a entrada subirá de 20% para 30% do valor do imóvel.
- Price: com parcelas fixas, o valor da entrada aumentará de 30% para 50% por esse sistema.
Além disso, a partir de novembro:
- A Caixa só financiará até 70% do valor do imóvel pelo SAC. No modelo atual, válido até o final deste mês, a cota admitida é de até 80% do valor do imóvel.
- Pelo sistema Price, o banco passará a financiar até 50% do valor do imóvel. Nesse caso, a cota era de 70%.
A Caixa só vai liberar crédito a quem não tiver outro financiamento habitacional ativo com o banco.
Além disso, o valor máximo de avaliação dos imóveis pelo SBPE será limitado a R$ 1,5 milhão em todas as modalidades do sistema.
Atualmente, o crédito pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com juros mais baixos, é restrito a imóveis de R$ 1,5 milhão, mas as linhas do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) não têm teto de valor do imóvel.
A Caixa salientou, no entanto, que as mudanças se aplicam a financiamentos futuros e não afetarão as unidades já financiadas pelo banco.
No caso em que o banco financia diretamente a construção, as condições atuais serão mantidas.
A instituição financeira concentra 70% do financiamento imobiliário brasileiro e 48,3% das contratações do SBPE.
Carteira de crédito habitacional da Caixa deve superar orçamento aprovado para este ano
O banco estatal justificou as mudanças porque sua carteira de crédito habitacional deve superar o orçamento aprovado para 2024.
Até setembro, a Caixa:
- Concedeu R$ 175 bilhões de crédito imobiliário, alta de 28,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
- Financiou 627 mil imóveis.
- No SBPE, o banco concedeu R$ 63,5 bilhões nos nove primeiros meses do ano.
“A Caixa estuda constantemente medidas que visam ampliar o atendimento da demanda excedente de financiamentos habitacionais, inclusive participando de discussões junto ao mercado e ao governo, com o objetivo de buscar novas soluções que permitam expansão do crédito imobiliário no país, não somente pela Caixa, mas também pelos demais agentes do mercado”, explicou o banco em nota oficial.
Saques na caderneta de poupança
A mudança nas regras da concessão de crédito habitacional decorre do maior volume de saques na caderneta de poupança e das maiores restrições para as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), aprovado no início do ano. Caso não limitasse o crédito, a Caixa teria de aumentar os juros.
Segundo o Banco Central (BC), a caderneta de poupança registrou o maior volume de saques líquidos do ano em setembro, com os correntistas retirando R$ 7,1 bilhões a mais do que depositaram. Foi o terceiro mês seguido de retiradas.
Outro fator que contribuiu para a limitação do crédito foi o aumento da demanda pelas linhas da Caixa, em meio à elevação das taxas nos bancos privados.
O banco não deixou claro se as mudanças serão revertidas em 2025, quando o banco tiver novo orçamento para crédito habitacional, ou se parte das medidas se tornarão definitivas no próximo ano.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias