Uma possível vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, que começam amanhã (5), tem deixado o mercado financeiro nervoso e mexido com a cotação do dólar. O economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, explicou, nesta segunda-feira (4) no ICL Notícias 1º edição, que a disparada da cotação da moeda norte-americana no Brasil está relacionada a esse contexto político.
“O mercado está super nervoso nesses últimos dias com [uma possível vitória do] Trump, que tem aparecido como favorito para ganhar essa eleição”, disse.
Se Trump ganhar, o mercado acredita que pode acontecer o seguinte:
- Barreiras comerciais: “Trump pode começar a taxar vários países, principalmente a China, para proteger a indústria americana. Se ele fizer isso, o que acontece com os produtos nos Estados Unidos? Eles sobem, porque se fica mais caro você importar, você tem teoricamente um impacto nos preços”, explicou Edu.
- Deportação de imigrantes: “Ele disse que vai deportar imigrantes ilegais. Se ele fizer isso, sobe o custo da mão de obra nos EUA, pois os imigrantes ilegais são mão de obra barata”, disse.
- Aliviar taxação de ricos: “Ele disse que vai aliviar as taxas dos ricos nos EUA. Se fizer isso, diminui a arrecadação americana e os Estados Unidos têm um problema grande de déficit”, disse o fundador do ICL, explicando que esse déficit é financiado pelo superávit dos demais países.
Eduardo Moreira fala sobre a relação entre inflação, taxas de juros, Treasuries e dólar
Essas variáveis têm preocupado o mercado financeiro, a despeito de os Estados Unidos terem divulgado recentemente bons dados macroeconômicos.
Amanhã (5), o Fed (Federal Reserve, o banco central estadunidense) realiza a sua reunião para definir as taxas de juros. A expectativa é de corte, porém, as taxas ainda devem permanecer em um patamar elevado para os padrões norte-americanos. Os Estados Unidos têm mantido os juros altos para perseguir uma meta de inflação de 2%.
Segundo Edu Moreira, com os juros altos lá, países como o Brasil perdem investimentos, pois a economia norte-americana é considerada a mais segura para investimentos.
A remuneração dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos, segundo ele, está na casa dos 4,386%. “Quando o Trump começou a ficar favorito, as taxas de juros nos EUA para os títulos de prazos de 10 anos começaram a subir muito. Aí, você acha que as pessoas vão preferir ter dinheiro no México, no Brasil, no Chile, na Turquia, na Argentina? Ou vão preferir ter dinheiro nos EUA que é cem vezes mais seguro?”, comparou.
Quando o investidor coloca dinheiro nos EUA, isso significa, segundo o fundador do ICL, que “ele tem que vender a moeda do país dele – no nosso caso, o real – e comprar dólar. Quando todo mundo começa a comprar dólar, o dólar sobe”, exemplificou.
Mostrando um gráfico, ele comparou os movimentos do peso mexicano e do real nos últimos meses, mostrando que as duas moedas se comportaram de modo parecido. “O que estou querendo dizer é que a desvalorização do real frente ao dólar não é uma coisa única do Brasil, é um movimento que tem acontecido ao longo dos últimos meses movimento global conjunto”, frisou.
O mercado financeiro brasileiro, segundo ele, se aproveita de momentos assim para comprar mais dólar, a fim de aproveitar o movimento de alta da moeda norte-americana, o que faz com que o valor da moeda dispare ainda mais, como aconteceu na sexta-feira passada (1º).
Assista à explicação de Eduardo Moreira sobres as implicações políticas e econômicas da alta do dólar no vídeo abaixo:
Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias 1ª edição