O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central finaliza, nesta quarta-feira (6), a reunião de dois dias, e deve anunciar, após o fechamento do mercado financeiro, aumento de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic.
Se confirmada a projeção, os juros avançam dos atuais 10,75% para 11,25% ao ano, um dos maiores patamares do mundo. Será o segundo aumento seguido da Selic e o maior desde maio de 2022.
A ata da última reunião do Copom, de setembro, mostra que “os dados referentes à inflação sugerem uma deterioração da composição da inflação, ainda que o número agregado não tenha divergido significativamente do que era esperado no trimestre anterior”.
Além disso, a decisão ocorre em um momento de guinada do dólar, que do início do ano até a segunda-feira (4), acumula alta de 19,2%, cotado a R$ 5,78. Segundo analistas, esse é mais um fator a pressionar a inflação por aqui.
Somado a tudo isso, a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos fez disparar o contrato futuro do S&P 500, que atingiu uma máxima recorde, os rendimentos dos Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA), o bitcoin e o dólar nesta manhã.
De maneira geral, a taxa de câmbio pode ter influência nos preços domésticos em diferentes frentes, como por meio da importação de produtos e insumos ou mesmo pela equiparação dos preços praticados no Brasil com o mercado internacional.
Copom: efeitos da taxa Selic no futuro
Ajustes na taxa Selic não têm efeito imediato. A janela de impacto é de seis a 18 meses. Ou seja, o Copom olha para frente e, com Trump na presidência dos EUA, os impactos econômicos globais estão no horizonte.
Trump promete, por exemplo, medidas protecionistas para frear as importações — resultado no menor ingresso de divisas no Brasil.
Por aqui, o mercado pressiona o governo a apresentar o pacote de corte de gastos, que vem sendo liderado pela equipe econômica. Ontem, houve mais uma reunião ministerial para discutir quais áreas serão afetadas.
O Banco Central também tem citado o aumento de gastos públicos com um fator que pressiona a inflação, juntamente com atividade econômica em alta e um mercado de trabalho aquecido.
O Copom segue uma meta de inflação de 3% (centro), podendo oscilar 1,5 ponto percentual para mais (4,5% – teto) e para menos (1,5% – piso). E, para definir a taxa, a autoridade monetária olha para o futuro, e não para a inflação corrente, ou seja, dos últimos meses.
Neste momento, a instituição já está mirando na meta considerando o próximo ano, e o primeiro semestre de 2026.
Lembrando que, a partir de 2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida.
O Boletim Focus do Banco Central, que traz previsões do mercado financeiro, mostra que a mediana dos analistas consultados aponta avanço de 4,55% para 4,59% no encerramento de 2024.
Efeitos da alta dos juros
Entre os efeitos do aumento da taxa Selic na economia, estão:
- Juros bancários: a Selic é a taxa que permeia toda a economia. Então, uma alta da Selic faz as taxas bancárias subirem. Em setembro, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas somou 39,9% ao ano, o maior nível desde junho de 2024 (40% ao ano).
- Impactos no PIB (Produto Interno Bruto): juros mais altos contêm o consumo da população e, também, dificulta investimentos produtivos, impactando negativamente no PIB, no emprego e na renda. Nos últimos meses, porém, os dados de atividade têm surpreendido positivamente.
- Contas públicas: juros mais altos também desfavorecem as contas públicas, pois aumentam as despesas com juros da dívida pública. Em doze meses, até agosto de 2024, a despesa com juros somou R$ 854 bilhões (7,55% do PIB).
- Aplicações financeiras: esse é o único efeito positivo da Selic alta. Investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures rendem mais.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias