A Caixa Econômica Federal tem R$ 20 bilhões em contratos pré-aprovados com recursos de poupança para financiamento da casa própria, mas só tem R$ 3 bilhões disponíveis dessa fonte de recursos. Para sanar o problema, o banco público está dando prazo de validade maior para concretizar os contratos.
Com o mercado imobiliário aquecido e o aumento de retirada de recursos da poupança, desde 1º de novembro, a Caixa mudou as regras do financiamento para imóveis de até R$ 1,5 milhão. A partir das mudanças, o mutuário será obrigado a dar um valor maior de entrada e financiar um percentual mais baixo do imóvel.
Com a mudança, as regras ficaram assim:
- SAC (Sistema de Amortização Constante): por esse sistema, em que a prestação cai ao longo do tempo, a entrada subirá de 20% para 30% do valor do imóvel.
- Price: com parcelas fixas, o valor da entrada aumentará de 30% para 50% por esse sistema.
- A Caixa só financiará até 70% do valor do imóvel pelo SAC. No modelo atual, válido até o final deste mês, a cota admitida é de até 80% do valor do imóvel.
- Pelo sistema Price, o banco passará a financiar até 50% do valor do imóvel. Nesse caso, a cota era de 70%.
A vice-presidente de Habitação da instituição, Inês da Silva Magalhães, disse à reportagem do jornal O Globo que a prorrogação visa a proteger as pessoas com contratos pré-aprovados. “A Caixa estabeleceu novos limites de financiamento. Como medida de proteção às pessoas [que tem contratos pré-aprovados], está dando prazo de validade maior para concretizar seus contratos. Não queremos derrubar as operações em curso”, explicou.
Segundo a reportagem, há pessoas reclamando de atrasos para a concretização dos contratos de financiamento com taxa de juros de 12% dos recursos da poupança. A Caixa praticamente esgotou a meta de contratações de R$ 70 bilhões desses recursos para 2024.
Inês disse ainda que os R$ 20 bilhões de contratos pré-aprovados por simulação não necessariamente serão concretizados, pois é preciso avaliar o imóvel, se está compatível com a garantia, por exemplo.
Segundo informações do banco, outros bancos também enfrentam o mesmo problema devido à limitação de uso de recursos da poupança para essa finalidade.
Caixa continua buscando alternativas para captar recursos para financiar casa própria
O presidente da Caixa, Carlos Vieira, disse à reportagem que a população de baixa renda é bem atendida pelo FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), mas também defendeu que é preciso buscar outras alternativas de financiamento para a população de “média renda”.
“Os recursos estão assegurados no limite do orçamento para a baixa renda. O crédito direcionado, via compulsório, é um alternativa. A Caixa faria muito bem isso. Aumentou a renda das famílias e o apetite para habitação”, disse.
Também à reportagem de O Globo, Marcos Brasiliano Rosa, vice-presidente de finanças da Caixa, explicou que o funding (captação de recursos) da Caixa cresceu 18% em 12 meses e 5,6% no trimestre na comparação com o trimestre anterior, atingindo R$ 1,6 trilhão. O saldo da poupança se recuperou no trimestre, com alta de 8,1%, chegando a R$ 381 bilhões. A Caixa tem 37,4% do share de poupança.
O banco público busca alternativas para captar recursos para financiar a casa própria, entre elas redução do depósito compulsório (parte dos recursos que os bancos recolhem no Banco Central).
A Caixa defende uma redução de 5% para o compulsório, percentual que, conforme o banco, não impactaria na inflação e teria efeito imediato.
A decisão, porém, não é simples e depende de aprovação do CMN (Conselho Monetário Nacional). Outras alternativas de captação no mercado tendem a encarecer o financiamento.
Entre as opções está também criar um papel incentivado para trazer os investidores institucionais, como fundos de pensão.
“Não tem bala de prata. O SBPE e o FGTS são duas fontes de financiamento importante, mas dão sinais de esgotamento. Mas temos que buscar outras alternativas para diversificar o funding“, disse a vice-presidente de Habitação.
Redação ICL Economia
Com informações de O Globo