Artigo de Deborah Magagna e André Campedelli*
Os dados relativos ao desemprego, divulgados na última terça (31), apresentaram recuo do indicador, que ficou pela primeira vez desde 2019 abaixo de 11%. A taxa de desocupação, que se encontrava em 11,1% anteriormente, atingiu 10,5% em abril e foi impulsionada pela formação de postos de trabalho com carteira assinada no setor privado.
O Brasil, no entanto, seguiu tendência global em relação aos números relativos ao desemprego. O movimento de queda pode ser observado em diversos países como Itália, Alemanha e nos Estados
Unidos. Quando observados os grupos, como países membros da União Europeia, OCDE ou G7, a mesma tendência de queda no desemprego pode ser notada.
Ademais, quando comparado a outros países, o Brasil ainda possui uma elevada taxa de desocupação e fica abaixo de países como Colômbia e Turquia. Até a medição de março, o Brasil ocupava a nona posição entre os países com maior desemprego.
Outro ponto que deve ser levado em consideração é que, apesar da redução na taxa de desocupação no país, houve pouca melhora em relação ao rendimento do trabalhador brasileiro. O rendimento mensal médio, que em última medição se encontrava em R$ 2.566, atingiu R$ 2.569, segundo os dados de abril divulgados pelo IBGE. Quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior, o rendimento real médio mensal do trabalhador retraiu 7,9%.
Apesar de os dados parecerem animadores à primeira vista, nosso país continua com alta taxa de desemprego, com pouca melhora em relação à renda e seguiu tendência observada na maioria dos países, o que mostrou que o Brasil não foi um caso isolado na redução de seu desemprego.
*Deborah Magagna é economista do ICL, graduada pela PUC-SP, com pós-graduação em Finanças Avançadas pelo INSPER. Especialista em investimentos e mercados de capitais
*André Campedelli é economista do ICL e professor de Economia. Doutorado pela Unicamp, mestre e graduado em Ciências Econômicas pela PUC-SP, com trabalhos focados em conjuntura macroeconômica brasileira