Neste ano, a taxa de investimento no Brasil deve ser a menor que a de 82% dos países – atrás de 139 dos 170 países pesquisados. O levantamento é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) e foi antecipado pelo G1, no noticiário desta manhã de quarta-feira (1).
Há anos o patamar do Brasil segue baixo e o estudo mostra uma piora em relação a 2021, quando o nível de investimento em proporção ao PIB (Produto Interno Bruto) era menor que em 132 países, ou seja, 77%.
A taxa de investimento prevista para o Brasil em 2022 é de 18,4% do PIB, contra 19,2% em 2021. O índice apura a totalidade do que é aplicado em bens duráveis, máquinas, aumento da capacidade produtiva, construção civil, infraestrutura e de pesquisa e desenvolvimento. Os investimentos são fundamentais para abertura de novas empresas e negócios e na geração de empregos e, assim, impulsionarem a economia.
A pesquisadora da FGV, Juliana Trece, explica, com base nas estimativas do FMI até 2027, que o Brasil deve permanecer como um dos países com as menores taxas de investimento em relação ao PIB. “Para esses próximos cinco anos, em média, 83% dos países devem apresentar uma taxa de investimento (% do PIB) maior do que o Brasil”, afirma.
Diferentemente do Brasil, taxa de investimento no mundo deve crescer
No mundo, a taxa de investimento média projetada para 2022 é de 27,3% para a lista de 170 países, o que representaria um avanço ante os 26,7% do ano passado.
Segundo estudo publicado pelo G1, para a China, a previsão é de uma taxa de 42,5% do PIB neste ano. Entre os países do topo do ranking de investimento, destaque também para outros emergentes como Coreia (33,5%), Índia (32,11%) e Turquia (31,7%).
Na América do Sul, a taxa deve chegar a 26,7% do PIB no Chile e a 25,1% no Peru. Outro exemplo é a Argentina, que, mesmo enfrentando forte crise econômica há anos, deve apresentar um índice maior que o do Brasil, com taxa prevista de 19,6% do PIB.
Construção diminuiu e encolheu a taxa de investimento no Brasil
O estudo do Ibre/FGV mostra que o componente que mais contribuiu para o encolhimento da taxa de investimento no Brasil, nos últimos anos, foi a construção, que inclui também as grandes obras de infraestrutura nas áreas de energia, transportes e saneamento.
A pesquisadora Trece ressalta que o setor da construção teve uma melhora em 2021, mas não foi suficiente e destaca que o segmento chegou a representar 75% da taxa de investimento no Brasil na década de 40.
A falta de planejamento do governo Bolsonaro e as incertezas políticas intensificadas pelo ano de eleições presidenciais, somadas à taxa básica de juros elevada que encarece o crédito, podem ser apontadas como fator que desestimulam os investimentos por parte dos empresários.
Investimento público também caiu
Por outro lado, o governo não faz investimentos públicos para alavancar a economia. Levantamento recente do Observatório de Política Fiscal do Ibre/FGV, mostrou que a taxa de investimentos públicos, somando União, estados, municípios e as estatais federais, caiu de 4,72% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010 para 2,05% do PIB em 2021. Foi o segundo pior índice da série histórica, iniciada em 1947, atrás apenas de 2017 (1,94% do PIB).
A Carta de Infraestrutura da Inter B Consultoria Internacional de Negócios, divulgada em maio pela Folha de S. Paulo, e que faz balanço dos investimentos nos últimos anos e projeções para 2022, também indica essa queda.
O setor público investiu, em média, cerca de R$ 46 bilhões ao ano em infraestrutura de 2018 a 2021, e o setor privado, R$ 94 bilhões em média. Nos três anos anteriores, de 2016 a 2018, a média do setor público foi de R$ 57 bilhões, e a do setor privado, praticamente os mesmos R$ 94 bilhões. Ou seja, enquanto o investimento público teve queda de 19%, o privado ficou igual. Os valores consideram o impacto da inflação.
Ao observamos os dados da Inter B desde a década passada, o setor público colocou quase R$ 105 bilhões em infraestrutura em 2010, e o privado chegou a investir R$ 119 bilhões em 2014.
Redação ICL Economia
Com informações do G1 e Folha de S. Paulo