O PIB cresceu 1% no primeiro trimestre de 2022 (comparado ao quarto trimestre de 2021), na série com ajuste sazonal, puxado pelo setor de serviços, mas ficou abaixo da expectativa do mercado (a projeção era uma alta de 1,2%, segundo o consenso Refinitiv).
Segundo os dados divulgados nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado dos três primeiros meses de 2022 se deve aos serviços, que tiveram crescimento de 1%. O setor representa 70% do PIB. A indústria ficou estável (0,1%), enquanto a agropecuária teve queda (-0,9%). O consumo das famílias avançou 0,7%, enquanto a taxa de investimento foi menor, correspondendo a 18,7% do PIB, um ponto percentual abaixo de igual período do ano passado.
Para o economista do ICL André Campedelli, “o PIB cresce levemente abaixo da previsão pelo mercado, porém acelerou nos últimos meses. O PIB cresce em razão do setor de serviços, segundo a ótica da produção, e as exportações, segundo a ótica da demanda. Isso mostra a baixa qualidade do PIB brasileiro atualmente, já que o consumo das famílias ficou quase estagnado e a produção industrial praticamente não influenciou o PIB neste trimestre. Estamos cada vez mais dependentes do setor externo e dos serviços em nossa atividade econômica.”
Frente ao mesmo trimestre de 2021, o PIB cresce de 1,7%. No acumulado nos quatro trimestres, terminados em março de 2022, o PIB cresceu 4,7%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
Em valores correntes, o PIB cresce no primeiro trimestre de 2022 um total de R$ 2,249 trilhões, sendo R$ 1,914 trilhão referente ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 335,3 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
No primeiro trimestre de 2022, a taxa de investimento foi de 18,7% do PIB, abaixo da observada no mesmo período de 2021 (19,7%). “De longe o fator mais preocupante é a queda dos investimentos, que são justamente as compras que os empresários fazem, buscando aumentar sua produção futura. Isso é o motor econômico de longo prazo. Uma queda dessa magnitude mostra que existe pouca confiança na economia brasileira”, afirma o economista do ICL.
O PIB brasileiro agora está 1,6% acima do patamar do quatro trimestre de 2019, período pré-pandemia, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica já registrado, que foi no primeiro trimestre de 2014.
O Ministério da Economia projeta crescimento de 1,5% para o PIB em 2022. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fala em 1,1%, enquanto analistas de mercado acreditam em resultado abaixo de 1%. No atual governo, o PIB variou 1,2% em 2019, -3,9% em 2020 e 4,6% no ano passado.
PIB tem elevação de 1% em relação ao trimestre imediatamente anterior
O PIB cresceu 1% na comparação do primeiro trimestre de 2022 contra o quarto trimestre de 2021, na série com ajuste sazonal. Houve queda na Agropecuária (-0,9%), estabilidade na Indústria (0,1%) e elevação dos Serviços (1,0%).
Para Campedelli, um fator preocupante foi a queda observada da agropecuária, resultado dos problemas climáticos enfrentados no país neste começo do ano. “O Brasil tem apostado justamente no agronegócio”, afirma o economista.
Dentre as atividades industriais, houve avanço nas atividades de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (6,6%), Indústrias de Transformação (1,4%) e Construção (0,8%). O único desempenho negativo ocorreu nas Indústrias Extrativas (-3,4%).
Nos Serviços, houve crescimento em Outros serviços (2,2%), Transporte, armazenagem e correio (2,1%), Comércio (1,6%), Atividades imobiliárias (0,7%) e Administração, saúde e educação pública (0,6%). Ocorreram quedas na Informação e comunicação (-5,3%) e na Intermediação financeira e seguros (-0,7%).
Pela ótica da despesa, a Despesa de Consumo das Famílias (0,7%) teve crescimento, a Despesa de Consumo do Governo (0,1%) apresentou estabilidade e Formação Bruta de Capital Fixo (-3,5%) registrou queda.
No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços cresceram 5%, enquanto as Importações de Bens e Serviços caíram 4,6% em relação ao quarto trimestre de 2021.
PIB cresce 1,7% frente ao 1º trimestre de 2021
Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB teve crescimento de 1,7% no primeiro trimestre de 2022. O Valor Adicionado a preços básicos teve variação positiva de 1,9% e os Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios avançaram em 0,5%.
A Agropecuária registrou queda de 8,0% em relação a igual período do ano anterior. Alguns produtos agrícolas, cujas safras são significativas no primeiro trimestre, apresentaram decréscimo na estimativa de produção anual e perda de produtividade: soja (-12,2%), arroz (-8,5%), fumo (-7,3%) e mandioca (-2,7%). Já o milho, que também tem safra relevante no trimestre, apontou ganho de produtividade e crescimento na produção anual, estimado em 27,5%. Cabe ressaltar que a estimativa da Pecuária demonstrou bom desempenho no decorrer do primeiro trimestre do ano, com destaque para os bovinos.
A Indústria apresentou queda de 1,5%. Nesse contexto, a Indústria de Transformação (-4,7%) registrou a maior queda, sendo seu resultado influenciado, principalmente, pela fabricação de máquinas e aparelhos elétricos; fabricação de produtos de metal; fabricação de produtos de borracha e material plástico; indústria moveleira e farmacêutica. Houve recuo também nas Indústrias Extrativas (-2,4%), que foram afetadas pela queda da extração de minérios ferrosos que superou o aumento ocorrido na extração de petróleo e gás.
A Construção (9,0%), por sua vez, teve sua quinta alta consecutiva. A alta na ocupação da atividade corrobora seu crescimento em relação ao ano anterior. A atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (7,6%) também cresceu no período, sendo favorecida pela menor geração de energia pelas termoelétricas no período.
O valor adicionado dos Serviços subiu 3,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. As atividades que apresentaram alta foram: Outras atividades de serviços (12,6%), influenciada pela retomada da demanda por serviços presenciais, Transporte, armazenagem e correio (9,4%), Informação e comunicação (5,5%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (2,9%) e Atividades Imobiliárias (0,3%). As que tiveram retração foram: Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-1,6%) e Comércio (-1,5%).
A Formação Bruta de Capital Fixo recuou 7,2% no primeiro trimestre de 2022, após cinco trimestres de crescimento consecutivos. Além do Repetro do primeiro trimestre de 2021, este desempenho é explicado pela queda na produção interna e na importação de bens de capital.
A Despesa de Consumo das Famílias cresceu 2,2%. Esse resultado foi influenciado pela retomada da demanda por serviços presenciais. A Despesa de Consumo do Governo também apresentou elevação (3,3%) em relação ao primeiro trimestre de 2021.
No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços apresentaram alta de 8,1%, enquanto as Importações de Bens e Serviços recuaram 11,0% no primeiro trimestre de 2022. Dentre as exportações de bens, aqueles setores que contribuíram mais para o resultado positivo foram: agropecuária; produtos alimentícios; derivados do petróleo e biocombustíveis; e produtos de metal. Na pauta de importações de bens, a queda se deu principalmente por: produtos químicos; máquinas e aparelhos elétricos; metalurgia; e produtos alimentícios.
PIB cresce 4,7% no acumulado em quatro trimestres
O PIB acumulado nos quatro trimestres terminados em março de 2022 apresentou crescimento de 4,7% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Esta taxa resultou do avanço de 4,5% do Valor Adicionado a preços básicos e de 5,9% nos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios. O resultado do Valor Adicionado neste tipo de comparação decorreu dos seguintes desempenhos: Agropecuária (-4,8%), Indústria (3,3%) e Serviços (5,8%).
Todas as atividades industriais apresentaram variação positiva: Construção (11,3%), Indústrias Extrativas (3,2%), Indústria da Transformação (2,0%) e Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (1,3%).
Nos Serviços, houve resultados positivos para: Transporte, armazenagem e correio (13,7%), Outras atividades de serviços (12,9%), Informação e comunicação (12,3%), Comércio (4,0%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (3,3%) e Atividades imobiliárias (1,3%). Houve queda apenas para Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,9%).
Na análise da demanda, a Despesa de Consumo das Famílias, a Despesa de Consumo do Governo e a Formação Bruta de Capital Fixo cresceram 4,6%, 3,8% e 10,1%, respectivamente. Já no âmbito do setor externo, as Exportações de Bens e Serviços cresceram 7,4%, enquanto as Importações de Bens e Serviços apresentaram elevação de 7,0%.
Taxa de Investimento foi de 18,7% no 1º trimestre
A taxa de investimento no primeiro trimestre de 2022 foi de 18,7% do PIB, portanto abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (19,7%).
As Contas Econômicas Integradas e a Conta Financeira não serão divulgadas no primeiro trimestre de 2022. O Balanço de Pagamentos, que é uma das fontes principais para sua elaboração, não foi publicado pelo Banco Central do Brasil com dados relativos ao mês de março até o fechamento desta divulgação.
A taxa de poupança é calculada a partir das Contas Econômicas Integradas e, por consequência, também não está sendo divulgada nesta edição.
Redação ICL Economia
Com informações da Agência de Notícias do IBGE e da Rede Brasil Atual