A demanda por bens industriais teve leve respiro em abril deste ano, registrando aumento de 0,9% em relação ao mês anterior. Contudo, quando comparado os bens industriais ao mesmo período do ano passado, o indicador aponta queda de 3,7%, em uma demonstração de que esse segmento não recuperou o fôlego do ano passado, que já havia sido difícil, e que a economia brasileira ainda patina.
Os dados sobre bens industriais, divulgados esta semana pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostram que a demanda foi puxada pela procura por bens duráveis, principalmente móveis, eletrodomésticos e automóveis, que registrou aumento de 3,5% em relação a março. Na sequência, vieram os bens semiduráveis e duráveis (alimentos te bebidas, por exemplo), com alta de 1,2%.
Mesmo assim, 2022 não tem se mostrado um ano fácil para o segmento de bens duráveis quando comparado ao ano passado. Em fevereiro, houve queda de 6,6% na demanda por bens industriais por esses bens comparativamente ao mesmo período de 2021, enquanto em março a retração foi de 4,9% ante a mesma base.
Recuo na venda de bens de capital afeta em cheio níveis da produção de bens industriais
De acordo com os economistas do ICL André Campedelli e Deborah Magagna, responsáveis pelo Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre, um dos problemas da demanda neste ano foi a venda de bens de capital, aqueles utilizados para realizar investimentos. Em abril, o recuo nesse segmento foi de 3,3% perante março.
“Isso significa que as empresas ainda estão utilizando uma parcela pequena de sua capacidade produtiva total e não enxergam no futuro melhora da situação, reduzindo, dessa forma, a busca por novos investimentos”, pontuam os economistas.
Produção industrial se mantém estagnada
Aliás, 2022 também não tem sido fácil para a indústria, que ensaia recuperação lenta como consequência da má gestão da economia brasileira e dos impactos da pandemia.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a produção industrial ficou praticamente estagnada em abril de 2022 em relação a março, com tímida alta de 0,1%. Ante as mesmas bases de comparação de 2021, a produção industrial caiu 4,1% em fevereiro, 1,9% em março e 0,5% em abril.
O ponto positivo ficou com a indústria automobilística e suas vertentes, que apresentaram alta de 2,1% em abril, contribuindo com uma série de outros setores da cadeia, como a metalurgia, que cresceu 3,6%.
Também cresceram as indústrias de alimentos, com aumento de 1,4%; a têxtil, com alta de 4,8%; e a de vestuários, com crescimento de 5,6%, impulsionada pela procura antecipada por roupas de inverno, já que o frio chegou antes do esperado. Em contrapartida, a indústria extrativa registrou queda de 1,6% em abril, como resultado do cenário econômico chinês.
Para os economistas do ICL, “os indicadores apontam problemas que ainda ocorrem na economia brasileira, pois as indústrias que mais cresceram foram aquelas que têm como característica a baixa especialização”.
Redação ICL Economia
Com informações do Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre