A Petrobras anunciou, nesta terça-feira (19), que vai reduzir em R$ 0,20 ou 4,9% o preço da gasolina vendida das refinarias às distribuidoras a partir desta quarta-feira (20). Com a redução, o preço do litro vai de R$ 4,06 para R$ 3,86. Coincidentemente, horas antes da companhia anunciar a queda no preço do combustível, o presidente Jair Bolsonaro, em conversa com apoiadores, havia dito que a estatal iria “achar seu rumo” após a posse do novo presidente e que começaria a dar “boa notícia”.
A redução anunciada, no entanto, não atinge o diesel, que tem influência direta nos preços dos fretes de produtos transportados pelo modal rodoviário. Com a desoneração do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadores e Serviços) dos combustíveis este ano, os preços da gasolina e do diesel já haviam apontado redução, mas abaixo do que esperava o governo.
Em relação à gasolina, a última queda no valor do litro do combustível nas refinarias ocorreu em 15 de dezembro de 2021. Apesar da redução anunciada hoje, a gasolina acumula aumento de 24,9% em 2022. Somente em 2022, o combustível fóssil teve três altas nas refinarias: em 12 de janeiro, 11 de março e 18 de junho.
A declaração de Bolsonaro não é surpreendente, sendo, inclusive, um demonstrativo das constantes investidas do presidente sobre a estatal, contrariando a promessa feita por ele mesmo de que não interferiria na política de preços da empresa. Há meses, o presidente vem travando uma queda de braços com a direção da empresa por conta dos reajustes nos combustíveis, um importante termômetro eleitoral, já que os preços dos combustíveis têm pesado bastante no bolso do eleitor.
Caio Paes da Andrade, que assumiu a presidência da empresa por indicação de Bolsonaro no mês passado, é o quarto executivo à frente da Petrobras no atual governo. Ao longo dos últimos meses, o governo, acionista majoritário da estatal, fez trocas de comando da empresa com a intenção de baixar os preços dos combustíveis, o que poderia ajudar Bolsonaro na sua campanha à reeleição. O presidente tem insistido em trocar o comando da Petrobras, mas, segundo especialistas, não enfrenta o real problema, que seria a paridade internacional dos preços.
Em nota, a estatal atribuiu a decisão à estabilização da cotação internacional do petróleo, que chegou a registrar queda nos últimos dias. Segundo o comunicado da empresa, “essa redução acompanha a evolução dos preços (do petróleo) internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina, e é coerente com a prática de preços da Petrobras”.
A estatal disse ainda que “busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”.
Parcela da Petrobras no preço da gasolina na bomba passará a R$ 2,81 o litro
Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição do combustível vendido nos postos, a parcela da Petrobras no preço vendido na bomba passará de R$ 2,96, em média, para R$ 2,81 o litro, conforme explicou a estatal no comunicado.
O economista do ICL Andre Campedelli explica que já era esperada baixa do preço do combustível na bomba devido à queda no preço Internacional do barril do petróleo. “Já houve a redução do preço do diesel neste ano. E, desta vez, a Petrobras selecionou a gasolina, que teve a última queda de preço em dezembro passado. Importante ressaltar que a gasolina afeta mais a população mais rica”, afirma.
Somente nos próximos meses, segundo o economista, é possível verificar os impactos da variação cambial sobre os preços dos combustíveis no Brasil. “Mesmo baixando o preço do petróleo no mercado internacional, com o aumento do câmbio, o preço em real do petróleo aumenta”, complementa.
Depois do anúncio da Petrobras, Bolsonaro divulgou a redução em suas redes sociais e afirmou que “brevemente” o Brasil terá uma das gasolinas “mais baratas do mundo”.
Da Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do economista do ICL, Andre Campedelli