Devido às projeções de que o país poderá voltar a ter superávit primário, o Relatório de Projeções da Dívida Pública elaborado pelo Tesouro Nacional, em junho, pontua que a Dívida Bruta para 2022 do Governo Geral (DBGG – que compreende Governo Federal, INSS e governos estaduais e municipais) deverá representar 78,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. O indicador é maior que aquele registrado antes do início dos casos de Covid-19, em dezembro de 2019 (74,44%), mas menor do que o apontado em outubro de 2020, quando o índice dívida-PIB atingiu seu maior percentual, representando 88,9%.
Com as revisões do Tesouro sobrea a dívida pública, as projeções de alta para a dívida pública nos próximos anos também diminuem. Para 2025, a expectativa é que esse resultado seja de 78,2%, muito diferente da previsão feita em 2020, quando o mesmo relatório reconhecia que a DBGG cresceria e poderia atingir 100,5% do PIB em 2025.
A explicação para a expectativa projetada sobre a dívida pública ainda em 2020 do elevado crescimento é que, até 2021, o governo desembolsou R$ 626,5 bilhões para colocar em prática as políticas e recursos públicos voltados ao combate à pandemia causada pela Covid-19. Contudo, o governo tem tido gasto extra para pagar a dívida pública devido ao aumento da taxa básica de juros este ano, para segurar a inflação.
O mais recente relatório do Tesouro indica, também, que a convergência para um cenário de superávit primário nas contas públicas é condição necessária para a estabilização ou redução da dívida no médio prazo, e projeta que o Governo Geral terá superávit primário médio de 1,2 ponto percentual do PIB por ano entre 2023 e 2031, contribuindo para a redução da DBGG/PIB no médio prazo.
No entanto, o relatório menciona que a dívida ainda seguiria em patamar elevado ao final do período (69,9% do PIB em 2031), em comparação com países pares.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu 1,0%, comparado ao quarto trimestre de 2021, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo trimestre de 2021, o PIB apresentou crescimento de 1,7%. No acumulado nos quatro trimestres, terminados em março de 2022, o PIB cresceu 4,7%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
No entanto, as projeções de analistas e o IBC-Br, que é uma prévia do PIB, indicam que, ao contrário do otimismo manifestado pelo governo, 2022 ainda deveremos ter um ”pibinho”, pois a economia ainda está com o freio de mão puxado e os índices inflacionários têm pesado no bolso da população, principalmente devido ao impacto nos preços dos alimentos e dos combustíveis.
Apesar do reajuste para baixo no preço da gasolina a partir desta quarta-feira (20) promovido pela Petrobras, a previsão é de que os preços dos alimentos, principalmente, continuem a impactar fortemente.
Inflação é dos principais fatores para queda da dívida pública
Ouvido pela CNN Brasil, o economista da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, explica que a inflação pode ser considerada um dos principais fatores para a queda das projeções da dívida pública. Segundo ele, com o aumento da inflação, o governo arrecada mais, principalmente em uma organização tributária voltada para itens cujos produtos subiram bastante.
Ele ainda lembra demais aspectos que influenciam nas projeções. Um deles é o choque das commodities, que elevou os preços dos principais grupos produzidos pelo Brasil: agrícola, metálica e energética. Segundo o economista, com um termo de troca favorável, as projeções do PIB aumentam, contribuindo para a diminuição da projeção da dívida.
Outro aspecto é a taxa de juros. A avaliação é de que o Banco Central (BC) demorou para iniciar a alta da Selic e, assim, o país teve juros reais negativos por um tempo razoável, o que ajuda também a segurar a dúvida pública.
Importante lembrar que o próximo governo federal, seja ele qual for, deverá promover uma mudança na regra de gastos, o que significa que poderá haver também mudança na trajetória da dívida.
Redação ICL Economia
Com informações da CNN Brasil