Em um dos momentos mais cruciais para a Europa, principalmente devido às pressões econômicas provocadas pela guerra na Ucrânia, o Reino Unido se debruça sobre a escolha de seu novo primeiro-ministro. O ex-ministro das Finanças britânico, Rishi Sunak, e a secretária das Relações Exteriores, Liz Truss, chegaram na quarta-feira (20) à fase final da disputa para substituir Boris Johnson. Sunak recebeu 137 votos e Truss garantiu 113. O substituto ou substituta de Johnson será conhecido(a) em 5 de setembro próximo.
Onze candidatos, originalmente, apresentaram seus nomes para Boris Johnson, mas em uma quinta e última votação de parlamentares conservadores, ontem, a ministra do Comércio Penny Mordaunt foi eliminada da disputa. Ela recebeu 105 votos.
Boris Johnson renunciou ao cargo de líder do partido no início deste mês, após uma série de escândalos que levaram a dezenas de renúncias ministeriais. Boris Johnson está deixando o governo no momento em que a Europa vive desaceleração econômica somada à escalada da inflação.
Do total de candidatos, dez conservadores concorreram para substituí-lo e, em cinco rodadas de votação, os membros do parlamento reduziram os candidatos a dois nomes.
Sunak liderou rodadas de votação entre os legisladores conservadores, mas é Truss quem parece ter ganhado a vantagem até agora entre os 200 mil membros do partido governista, que vão escolher o vencedor.
A reta final de uma disputa de semanas colocará Sunak – um ex-banqueiro do Goldman Sachs, que elevou a carga tributária para o nível mais alto desde a década de 1950 – contra Truss – uma convertida ao Brexit, que prometeu cortar impostos.
Defensor do Brexit, Sunak foi nomeado ministro das Finanças em 2020, um cargo importante em meio à pandemia. No entanto, foi criticado por fazer muito pouco para combater a sufocante crise do custo de vida. Foi o primeiro nome de origem indiana a ocupar o cargo.
Apesar das críticas à sua gestão, Sunak é o favorito para suceder Johnson. Casado com a filha de um magnata indiano, Sunak, cujos avós emigraram do norte da Índia para o Reino Unido na década de 1960, acumulou uma fortuna pessoal substancial antes de se tornar um deputado em 2015.
Já Liz Truss, 46 anos, foi nomeada chefe da diplomacia como recompensa por seu trabalho como ministra do Comércio Internacional durante a saída britânica da União Europeia. No cargo, ela conseguiu fechar uma série de importantes acordos comerciais pós-Brexit. Sua linha dura sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia ou suas ameaças de romper o acordo da UE (União Europeia) sobre a Irlanda do Norte atraem alguns conservadores.
Sem meias palavras e muito crítica aos movimentos de protestos sobre questões identitárias, Liz Truss tornou-se muito popular nas bases do Partido Conservador.
Substituto de Boris Johnson terá pela frente enfrentamento da inflação e estagnação
Quem triunfar quando o resultado for anunciado em 5 de setembro, herdará algumas das condições mais difíceis na Grã-Bretanha em décadas. A inflação está a caminho de atingir 11% ao ano, o crescimento está estagnado, a ação industrial está em alta e a libra está perto de baixas históricas em relação ao dólar.
O Reino Unido sob Boris Johnson, e auxiliado por Truss, também adotou uma linha dura contra Bruxelas em suas negociações pós-Brexit na Irlanda do Norte, atraindo ações legais da União Europeia e ameaçando futuros laços comerciais.
Embora Sunak seja o mais propenso a vencer o pleito, pesquisas mostram que Truss tem chances de vencê-lo na disputa dos membros do partido, abrindo a chance de o partido eleger um líder que não era a escolha mais popular entre os legisladores em Westminster. Truss agradeceu a seus apoiadores. “Estou pronta para começar com tudo desde o primeiro dia”, disse ela no Twitter.
Por sua vez, Sunak tuitou na rede social: “Agradecido por meus colegas confiarem em mim hoje. Trabalharei noite e dia para entregar nossa mensagem a todo o país”.
A corrida até agora se concentrou em promessas de cortar impostos em um momento em que muitas partes do Estado estão lutando para funcionar, juntamente com gastos com defesa, política energética, Brexit e questões sociais, como os direitos das pessoas trans.
O processo para eleger um novo premiê no lugar de Boris Johnson começou na primeira semana de julho, após o anúncio da renúncia de Johnson. O governo dele foi abalado por uma série de escândalos, como a revelação de que participou de festas durante o lockdown para conter o avanço da Covid-19, e casos de assédio sexual envolvendo membros do partido.
Boris Johnson ficará no cargo interinamente até o sucessor ser escolhido. Mais cedo, na última sabatina no Parlamento britânico como premiê, ele se despediu dizendo: “Hasta la vista, baby (Até logo, baby!)”.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias