Dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) Produto 2020, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que o líder de participação na receita de vendas em 2020 foi o minério de ferro: 4,8%, 1,5 ponto percentual acima de 2019, reflexo da alta dos preços internacionais. O produto ultrapassou óleos brutos de petróleo, que liderava desde 2018 e teve participação de 3,1%, ou 0,7 pontos percentuais abaixo de 2019. O levantamento avalia cerca de 3.400 produtos industriais de 29 setores.
Em terceiro lugar na Pesquisa Industrial, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas galgou duas posições, passando de 2,1% para 2,4% de participação. Na sequência estão óleo diesel, que caiu da terceira para a quarta posição; e álcool etílico (etanol) não desnaturado, com teor alcóolico igual ou maior a 80, para fins carburantes, destinado a ser adicionado à gasolina, que ganhou uma posição apesar de a participação ter reduzido de 1,8% para 1,6%.
A gerente de Análise Estrutural do IBGE, Synthia Santana, explica que a pandemia provocou a desestruturação de diversas cadeias produtivas, enquanto os indicadores macroeconômicos brasileiros indicaram redução no consumo das famílias, na taxa de investimento e no crédito. Os resultados da Pesquisa Industrial Anual Produto refletem os impactos dessa conjuntura de grave crise econômica e sanitária com consequências na demanda e na oferta do setor industrial.
“Enquanto alguns setores tiveram paralisação de fábrica e concessão de férias, outros experimentaram um ambiente diferente, especialmente aqueles relacionados a commodities que são ancorados em preços internacionais. Um exemplo é minério de ferro e grãos, que foram beneficiados durante a pandemia devido à alta dos preços internacionais”, analisa a gerente.
Somados, os dez maiores produtos concentraram 20,9% do valor das vendas em 2020, participação inferior à assinalada em 2019 (21,6%). Frente a 2019, todos os produtos sofreram mudanças de posições, com destaque para minério de ferro, que passou do segundo para o primeiro lugar.
Entre os 100 principais produtos da Pesquisa Industrial Anual, os que mais ganharam posições frente a 2019 foram Preparações e misturas de minerais, vitaminas, contendo ou não medicamentos para alimentação animal exceto rações (34 posições, de 101ª para 67ª); automóveis com motor entre 1500 e 2500 cilindradas (32 posições, da 129ª para 97ª); óleo de soja em bruto (26 posições da 60ª para 34ª); computadores pessoais portáteis (25 posições, da 53ª para 28ª); e ouro, em formas brutas, semimanufaturadas ou em pó (22 posições, da 47ª para 25ª).
Os que mais perderam foram querosenes de aviação (58 posições, da 28ª para 86ª colocação); serviço de manutenção e reparação de aeronaves, turbinas e motores de aviação, inclusive o serviço de pintura de aeronaves (23 posições, da 67ª para 90ª); caminhões com motor diesel e capacidade máxima de carga superior a 5 toneladas (21 posições, da 27ª para 48ª); aviões de peso superior a 15.000 kg (20 posições da 33ª para 53ª) e folhas de fumo (19 posições, da 77ª para 96ª).
“Produtos eletrônicos, que foram muito demandados durante a pandemia, ganharam 25 posições. Já entre as que mais perderam, das cinco, destacamos querosene de avião, que perdeu 58 posições, serviços de manutenção de aeronaves (23), caminhões (21) e aviões (20). Os principais são relacionados ao setor de transporte, que foi bastante afetado durante a pandemia”, diz Synthia.
Cinco atividades mostradas na pesquisa industrial concentram 54% das receitas
Dos 29 setores investigados em 2020 pela pesquisa industrial, os cinco com mais participações na receita líquida de venda foram: indústria alimentícia (19,3%); fabricação de produtos químicos (10,8%); fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (8,8%); indústria automotiva em quarto (8,1%); e metalurgia (7,0%). A soma dessas cinco atividades industriais concentrou 54,0% do valor da receita líquida de vendas de produtos e serviços industriais em 2020, ante 54,2% em 2019.
Entre 2019 e 2020, destaca-se o aumento de participação da indústria alimentícia, que passou subiu 2,7 p.p, de 16,6% para 19,3% da RLV. Em contrapartida, a indústria automotiva perdeu 2,1 p.p. de participação, alcançando 8,1% da RLV em 2020 e caindo da terceira para a quarta posição.
Estendendo o ranking para as dez principais atividades da indústria, destacam-se a extração de minerais metálicos; a fabricação de máquinas e equipamentos; e a fabricação de produtos de borracha e de material plástico, que subiram, cada uma, uma posição no ranking em relação a 2019. Já a extração de petróleo e gás natural perdeu 1,0 p.p., caindo da sexta para nona posição.
Entre as grandes regiões, o Sudeste foi a única a perder representatividade na composição da receita líquida de vendas em dez anos, caindo de 60,1% para 53,3%. Em contrapartida, as regiões Centro-Oeste e Norte foram as que mais ganharam em participação, com incremento de 2,4 p.p. e 1,9 p.p., respectivamente.
A Região Sul foi a que mais apresentou mudanças na relação dos três principais produtos: o óleo diesel perdeu a primeira posição frente a 2011 e dois novos produtos passaram a compor o ranking: carnes e miudezas de aves congeladas, em primeiro; e tortas, bagaços, farelos da extração de soja, em terceiro.
Já a Região Sudeste, embora tenha permanecido com os três principais produtos – óleos brutos de petróleo (5,8%), minério de ferro (4,3%) e óleo diesel (2,1%) – mudou o ranking com óleos brutos de petróleo assumindo a liderança antes ocupada por minério de ferro.
Por sua vez, a Região Centro-Oeste manteve os mesmos três principais produtos – carnes de bovinos frescas ou refrigeradas (12,9%); tortas, bagaços, farelos de extração de óleo de soja (9,9%); e álcool etílico (etanol) não desnaturado, para fins carburantes (5,8%) – no mesmo ranking.
Na Região Norte, o minério de ferro ainda mantém a primeira posição, com 28,9%; seguido por um novo produto, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas (5,0%); e televisores (4,8%), que perdeu uma posição.
Por fim, no Nordeste, o óleo diesel manteve a liderança, com 4,3%, seguido por óleos combustíveis (3,7%), que ganhou posições; e por pastas químicas de madeira (2,8%), que entrou como novo produto no ranking da região.
Redação ICL Notícias
Com informações da Agência IBGE Notícias