A Petrobras anunciou redução de R$ 0,20 no preço do diesel a partir desta sexta-feira (5). O valor do litro passou de R$ 5,61 para R$ 5,41, representando queda de 3,56%. É a primeira vez que o preço do diesel é reduzido desde que o novo presidente da estatal, Caio Paes de Andrade, assumiu o comando da empresa. Desde maio do ano passado, o preço do diesel só era reajustado para cima.
O Palácio do Planalto e integrantes do governo Jair Bolsonaro, especialmente a Casa Civil, vinham pressionando a Petrobras para reduzir o preço do óleo diesel, de acordo com fontes do Executivo, após a empresa ter mexido nos valores da gasolina duas vezes.
Pressionado pela inflação, Bolsonaro vem tentando diminuir os preços dos combustíveis no país às vésperas das eleições. Com o corte de alíquotas de ICMS (imposto estadual), a gasolina passou a cair nas bombas nas últimas semanas. O diesel, porém, foi menos impactado pela redução do tributo, o que foi alvo de duras críticas por parte dos caminhoneiros.
Ao reduzir preço do diesel, a Petrobras diz equilibrar seus preços com o mercado global
Em meio ao temor de uma recessão nos EUA e diante de uma forte desaceleração no crescimento econômico global, o preço do barril do tipo brent recuou do patamar de US$ 120 no início de junho para próximo de US$ 95 agora. É uma queda de quase 21% em dois meses.
Segundo a Petrobras, o reajuste acompanha a evolução dos preços de referência, ou seja, da cotações no mercado internacional, que se estabilizaram num “patamar inferior”.
Em nota, a empresa afirma que a decisão “é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”.
Hoje, no comunicado ao mercado, a Petrobras divulgou que “considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 5,05, em média, para R$ 4,87 a cada litro vendido na bomba”.
Há poucos dias, diretor da Petrobras havia informado que cenário é de preço alto para o diesel
Em 1 de agosto, durante a apresentação dos resultados da Petrobras do segundo trimestre deste ano para analistas de mercado, o diretor de Comercialização e Logística da estatal, Cláudio Mastella, afirmou que o cenário é de preço alto do diesel.
Segundo Mastella, a estatal enxerga com cautela o cenário de diesel nos próximos meses devido ao aumento sazonal da demanda no segundo semestre, com o inverno no hemisfério norte, além da menor oferta com exportações russas e as paradas programadas de refinarias aqui no Brasil.
Mastella ainda mencionou o risco de eventual indisponibilidade de refino nos Estados Unidos e no Caribe por conta da temporada de furacões no segundo semestre. Por isso, ele lembrou que a estatal está antecipando a formação de seus estoques. Foram antecipadas algumas compras para garantir o nível de atendimento.
Segundo estimativa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a demanda total de diesel para o segundo semestre é de 104,7 mil metros cúbicos por dia. Desse total, a importação mínima deve ser de 35% (37 mil metros cúbicos por dia) para poder atender ao consumo, já que a produção nacional será de 67,7 mil metros cúbicos por dia. Mês passado, a ANP, para evitar falta de diesel, ampliou para 9 dias prazo mínimo de estoque.
A principal preocupação com um possível desabastecimento de diesel está no transporte da safra de grãos das áreas produtoras para os portos do país, colocando em risco a safra de 2022/2023 de alimentos em geral, mas, principalmente, de soja e milho — dois produtos que são destaques na pauta exportadora nacional. Isso porque o transporte mais utilizado para escoar os produtos no país é o viário, por meio de caminhões, como o uso do diesel.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias