Apesar da recuperação econômica da América Latina estar sendo melhor do que o esperado, o cenário ainda é desafiador devido ao PIB global correr o risco de recessão, com uma desaceleração acentuada para os próximos 12 meses, com crescimento mais fraco no final de 2022 e 2023, avaliou o diretor para o Departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Illan Goldfajn, durante palestra no Febraban Tech na quinta-feira (11).
Nos Estados Unidos e Europa, o Produto Interno Bruto (PIB) vai perder força, com chance de ficar negativo. Um cenário de recessão não é descartado.
O risco de uma recessão na zona do euro atingiu o nível mais alto desde novembro de 2020, uma vez que a escassez de energia ameaça elevar ainda mais a inflação já recorde, segundo economistas consultados pela Bloomberg.
A probabilidade de contração da atividade por dois trimestres consecutivos aumentou para 60%, de 45% em uma pesquisa anterior e de 20% antes de a Rússia invadir a Ucrânia. A Alemanha, maior economia do bloco e uma das mais expostas a cortes no fornecimento de gás natural russo, deve estagnar já a partir deste trimestre.
O aumento do custo de vida está prejudicando empresas e famílias da zona do euro, com as ameaças russas de suspensão no fornecimento de energia agravando esse problema nos últimos meses de 2022. Além disso, cadeias de produção estão sendo prejudicadas por secas severas que geraram a queda dos níveis dos rios europeus neste verão.
A inflação agora deve atingir uma média de quase 8% em 2022 – cerca de quatro vezes a meta do Banco Central Europeu (BCE) – e de 4% no próximo ano. No entanto, os entrevistados ainda esperam que ela desacelere à meta de 2% em 2024.
Em julho passado, o FMI reduziu a previsão de crescimento do PIB global para este ano e para o próximo, alertando que o mundo está no limiar de uma recessão. As projeções apontam para uma expansão da economia internacional de 3,2% em 2022, praticamente metade do registrado em 2021, quando o PIB global estava em trajetória de recuperação do baque da Covid-19 e avançou 6,1%. Para o Brasil, a organização subiu a projeção de crescimento para este ano, de 0,8%, em abril, para 1,7% agora, e baixou para o ano que vem a 1,1%, 0,3 ponto percentual a menos do que o previsto anteriormente.
América Latina exige atenção diante da inflação persistente e do PIB global fraco
Economistas veem uma alta de juros pelo BCE de 0,50 ponto percentual em setembro – como fez em seu movimento inicial em julho. Isso levaria a taxa de depósito a 1% até o final do ano, com um aumento de 0,25pp esperado em março do próximo ano. “O crescimento global vai cair muito nos próximos 12 meses”, afirmou o diretor do FMI.
Goldfajn, que é ex-presidente do Banco Central do Brasil, também alertou para a insatisfação social em países da região, a qual exige mais atenção dos governos. “Inflação persistente e PIB fraco tornam a política econômica mais desafiadora”, completou ele.
Países mais dependentes da exportação de commodities devem ser afetados por esse ambiente de desaceleração do PIB. Uma vez que o preço desses produtos tende a cair globalmente. “Vamos ter que enfrentar mundo mais adverso, sem nossas exportações subirem, o que as moedas locais se depreciarem.”
Redação ICL Economia
Com informações das agências notícias