Ao dizer que “não tem filé mignon para todo mundo”, durante entrevista a uma rádio, o presidente Jair Bolsonaro omite que o Brasil é um dos maiores produtores de carne do mundo. Portanto, há carne para todos. Só que a população não tem dinheiro suficiente para o consumo da carne devido à alta inflação do País em seu governo. Em 2022, o preço da carne, subiu, em média, 8%. Em 2013, a proporção de carne por pessoa era de 38,3 quilos. Chegou a ser 42,8 quilos de carne em 2006. Agora, em 2022, essa proporção – calculada a partir dos números de produção, importação e exportação, baixou para 24.8 quilos por pessoa, segundo Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Quando o candidato à presidência Lula e ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou na TV Globo, durante debate, que a “população tem que voltar a comer um churrasquinho de carne, a comer uma picanha e tomar uma cervejinha”, ele faz referência ao aumento do poder de compra da população brasileira. O poder de compra das famílias brasileiras, em especial aquelas que têm renda de apenas um salário mínimo (R$ 1.212), está cada vez mais corroído por causa dos altos preços dos alimentos. Hoje 33 milhões passam fome e outros 125 milhões de brasileiros não têm comida no prato nas três refeições diárias recomendadas.
Em janeiro deste ano o salário mínimo comprava uma cesta básica e sobravam R$ 112,02. Somente nos sete primeiros meses deste ano, o custo da cesta aumentou 16,4%, contra uma inflação calculada em 9,33% no período. As perdas vêm sendo grandes desde setembro de 2019, quando o piso salarial era de R$ 998, suficiente para comprar a cesta, que valia R$ 739,07, sobrando R$ 258,93 para o trabalhador.
A economista Deborah Magagna, durante o ICL Notícias desta segunda (29), explicou que o Brasil, hoje, é o maior produtor de carne do mundo. Também, o terceiro maior exportador de carne, ficando atrás da China e dos Estados Unidos, quando consideradas a carne de aves e de suínos.
“Com o alto preço dólar em relação ao Real, o produtor brasileiro tem preferido exportar a carne. Ao reduzir a quantidade que fica no Brasil o preço da carne aumenta. Em 2022, o preço da carne aumentou 8%. E o consumo de carne caiu 26% no País nos últimos cinco anos. Ou seja, caiu pela metade, por causa da indisponibilidade de renda do brasileiro para comprar a carne e outros alimentos que tiveram aumento de preço exagerado neste ano”, diz Deborah Magagna. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o preço da carne subiu mais do que o dobro da inflação nos últimos dois anos.
A Conab estima aumento na exportação de carne e baixa no consumo
O mesmo balanço da Conab mostra que as exportações de carne de frango devem crescer 6%, o que representa um novo recorde neste ano, com 4,7 milhões de toneladas enviadas. Neste ano, a companhia ainda estima aumento de 15% deste tipo de comércio de carne bovina, para 2,84 milhões de toneladas.
A estimativa de produção total de carne, incluindo a suína e de aves, é de 28 milhões de toneladas em 2022.
Especialistas também apontam que o consumo de carne bovina diminuiu e deve continuar nesta tendência nos próximos anos. Por esse motivo, no setor da carne bovina, há outro recorde negativo: a estimativa de produção de 8,115 milhões de toneladas ao final do ano será a menor em 20 anos.
A baixa é um reflexo do aumento da fome no Brasil. Um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostrou recentemente que 61,3 milhões de brasileiros lidam com algum tipo de insegurança alimentar.
Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias e das agências