Na reta final da campanha eleitoral de 2022, as campanhas dos dois primeiros colocados nas pesquisas de intenção de votos – o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), primeiro colocado, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição – tem buscado apoio do empresariado brasileiro. Enquanto Lula realizou um jantar com cerca de cem empresários na última terça-feira (27), em São Paulo, Bolsonaro tem usado o seu “posto Ipiranga”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, como seu principal cabo eleitoral para ter apoio do empresariado.
Na terça, Lula e outros integrantes da cúpula petista, como a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, o candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, e o deputado federal e candidato à reeleição Alexandre Padilha, participaram do jantar organizado pelo grupo Esfera Brasil, think thank fundado pelo empresário João Carlos Camargo. O encontro ocorreu na casa de Camargo, no Morumbi.
Compareceram mais de 130 pessoas, a maioria delas importantes representantes do PIB nacional, como Abílio Diniz (de Península e Carrefour), André Esteves (do BTG), Fabio Ermírio de Moraes (do Votorantim) e Luis Henrique Guimarães (da Cosan). Até mesmo o bolsonarista Flávio Rocha, das Lojas Riachuelo, esteve presente no encontro. Lula quis ouvir deles as demandas de seus setores.
Além disso, Lula recebeu o apoio de um grupo de economistas de diferentes universidades e instituições de ensino, que assinaram uma carta-manifesto defendendo o voto útil no petita já no primeiro turno das eleições de 2022.
Após o jantar no qual Lula, segundo interlocutores, teria sido tratado como presidente e não como candidato, Bolsonaro escalou Guedes para o front nessa reta final da campanha. O ministro da Economia tem dado entrevistas com narrativas em consonância com o que diz o chefe, com declarações de que a economia brasileira “está bombando” e que “não há fome no Brasil”. Mais recentemente, o “posto Ipiranga” gravou participação na propaganda eleitoral do presidente na TV, além de ter intensificado encontros com empresários.
Para ganhar apoio do empresariado nacional, Guedes ressalta socorro do governo aos mais vulneráveis em propaganda na TV
Em sua participação na propaganda eleitoral, o ministro da Economia, como tem feito nos últimos tempos, faz um discurso descolado da realidade da maioria dos brasileiros. Ele ressalta o socorro dado pelo governo aos mais vulneráveis durante a pandemia, com o auxílio emergencial, e diz que o Brasil se saiu melhor da crise que outros países.
Na terça-feira passada, mesmo dia do jantar do Lula, o ministro deu uma polêmica entrevista ao podcast Flow, na qual soltou pérolas como “a direita também é danada, gosta de um orçamentozinho”, disparou críticas a ex-ministros críticos à sua gestão à frente do ministério e reclamou da impossibilidade de vender as praias no Brasil e que isso é um exemplo de “má gestão” no país.
Sobre este último tópico, o ministro disse: “O caso do Brasil é um caso clássico de má gestão. Tem trilhões de artigos mal usadas. Por exemplo, tem um grupo de fora que quer comprar uma praia numa região importante do Brasil e quer pagar US$ 1 bilhão. Aí você chega lá e pergunta: vem cá, vamos fazer um leilão dessa praia? Não, não pode, isso é da Marinha. E quanto a gente recebe por isso? Não, a gente pinta lá o quartel deles uma vez por ano. É muito mal gerido o troço. Não é de ninguém,, quando é do governo não é de ninguém”.
Além dessa entrevista, Guedes deu outra, ao programa Pânico, da Jovem Pan. Ele usou um dos famosos aforismos do escritor Millôr Fernandes para explicar por que o Brasil não avança no crescimento econômico. Guedes disse que o país “tem à frente seu passado” e sempre que começa a sair do buraco, aparece um “fantasma e sequestra tudo de novo”. Para ele, esse ditado se aplica à atual eleição.
O presidente Bolsonaro também tem feito postagens ao lado de Guedes em seu perfil na rede social Twitter. Em uma delas, ele replicou a participação do ministro no podcast Flow. A expectativa da campanha do presidente é de que Paulo Guedes possa trazer de volta ex-apoiadores do presidente que abandonaram o barco ao longo de seu mandato.
Redação ICL Economia
Com informações de O Globo