A saída para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença o segundo turno das eleições presidenciais no próximo dia 30 de outubro passa pela inclusão de propostas econômicas de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), respectivamente o quarto e terceiro lugares no primeiro turno das eleições presidenciais. Além disso, economistas do partido de Lula ouvidos pela Reuters sugerem que a classe média também deve ser priorizada no programa de governo do petista, sem prejuízos ao foco do petista, que sempre foi a população mais vulnerável do país.
Dessa forma, a equipe de campanha de Lula acredita que seja mais fácil angariar os apoios de Ciro e Tebet, que receberam no primeiro turno 8,5 milhões de votos ou 7,2% dos votos válidos. Até o momento, nenhum dos dois candidatos declarou apoio abertamente a Lula ou ao presidente Jair Bolsonaro (PL). A expectativa é de que, ainda hoje, seja divulgada alguma declaração nesse sentido.
A tendência é de que Simone Tebet apoie o petista. Ao longo da campanha eleitoral, a emedebista deixou claro que considera Bolsonaro um mal maior que o petista. Ela pode, inclusive, vir a ocupar algum cargo estratégico em um eventual governo Lula. Já o PDT de Ciro, que adotou postura mais crítica contra Lula no primeiro turno, deve decidir ainda nesta terça-feira (4) o apoio.
Acenando para os oponentes com vistas a combater o bolsonarismo, Lula já declarou que pretende se aproximar mais de outros partidos para fora do campo da esquerda, com mais membros de outras legendas.
À reportagem da Folha de S.Paulo, o ex-ministro da Fazenda de Lula Guido Mantega explicou a estratégia. “Nosso programa é dinâmico, não fechou totalmente. Foi um programa que definiu diretrizes, pontos programáticos, que foi aberto à discussão e continua aberto. Você não pode querer um aliado sem incorporar uma parte do seu pensamento e uma parte de suas propostas”, falou.
Outro conselheiro do programa econômico da campanha do petista disse que muitas das propostas dos programas de Tebet e Ciro convergem com as propostas do plano de Lula. Portanto, não haveria problemas, nesse sentido, para que se estabelecessem alianças.
Segundo Mantega, as pautas da área da educação do programa de Tebet e da renegociação de dívidas do plano de Ciro conversam com as propostas do PT em um eventual governo Lula.
Ontem (3), o presidente do PDT, Carlos Lupi, disse ter conversado com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e que sugeriu a ela que os petistas incorporem três propostas de Ciro no plano de governo de Lula: o programa que prevê zerar dívidas do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), o plano de renda mínima e um projeto de educação em tempo integral.
Propostas econômicas de Lula também devem priorizar anseios da classe média brasileira
Ao longo dos governos petistas, a camada mais vulnerável da população sempre foi a prioridade, com programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família. Agora, para combater o bolsonarismo e atrair aliados, o plano econômico do petista deve incorporar também os anseios da classe média brasileira.
Guido Mantega defendeu que a campanha de Lula dê mais importância à classe média. “O PT vai ter que repensar a sua estratégia, vai ter que atingir segmentos da população do centro, a classe média que foi capturada por Bolsonaro, mostrar que vamos fazer políticas voltadas também à classe média, que está sofrendo impacto da inflação e teve piora no padrão de vida”, disse à Folha.
O ex-ministro também disse que a campanha do petista acaba dando ênfase aos mais pobres, que são atualmente os mais necessitados, pois o país tem 33 milhões de pessoas em situação de segurança alimentar. “Mas nós criamos um grande mercado de consumo na época do Lula, que beneficiou toda a classe média”, lembrou.
Ainda segundo Mantega, a própria discussão sobre o endividamento das famílias, com divulgação de medidas para renegociação dos débitos, seria um aceno importante para esse segmento da população.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S. Paulo