O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, não mediu esforços para usar a máquina pública e infringir a legislação eleitoral para avançar no grupo dos mais pobres ao longo da campanha, mas o empenho, ao que parece, não surtiu efeito. Pesquisa Datafolha, divulgada ontem (28), mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua firme e forte nesse público, tendo, inclusive ampliado a sua vantagem, principalmente entre aqueles que ganham o Auxílio Brasil, moeda com a qual Bolsonaro tentou comprar o voto desse eleitorado.
A pesquisa Datafolha mostrou que a distância do petista para Bolsonaro cresceu de 20 para 28 pontos percentuais entre os eleitores com renda familiar mensal de até dois salários mínimos (R$ 2.424), variação acima da margem de erro de dois pontos, para mais ou para menos.
Lula subiu de 57% para 61% das intenções de voto desse segmento, enquanto o presidente caiu de 37% para 33% em relação ao levantamento anterior. Nessa faixa populacional, os que pretendem votar em branco ou anular são 4% e os indecisos, 3%.
Já entre os que ganham o Auxílio Brasil, o petista tem 61% das intenções de votos, enquanto Bolsonaro tem 34%. Os beneficiários do auxílio representam 24% dos entrevistados na pesquisa e a margem de erro entre esse extrato é de quatro pontos percentuais.
Na pesquisa anterior, aparecia com 56% das intenções de votos nesse grupo e Bolsonaro, com 40%. A distância aumentou em uma semana. Entre os que integram o programa, 58% disseram que votarão “com certeza em Lula”.
De modo geral, a dois dias do segundo turno, o petista aparece com na pesquisa com 49% das intenções de votos totais, o mesmo patamar do levantamento anterior. Enquanto isso, Bolsonaro caiu de 45% para 44%. Brancos e nulos somam 5% e indecisos, 2%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Nos votos válidos (exceto brancos e nulos), Lula tem 53% e Bolsonaro, 47%, ante 52% e 48%, respectivamente, apontados na semana passada.
A pesquisa é um retrato do momento em que ela é feita e esse recorte mostra que o eleitor mais pobre, cuja vida melhorou nos governos petistas, têm consciência de que as medidas eleitoreiras do presidente Bolsonaro são de curto prazo e não solucionam seus problemas efetivamente.
O presidente começou a pagar o Auxílio Brasil logo no início da campanha, no dia 9 de agosto, e também fez uso eleitoral da Caixa para liberar o empréstimo consignado a beneficiários do Auxílio Brasil, o qual foi congelado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) na última terça-feira (25).
Pesquisa Datafolha mostra que Bolsonaro cresceu entre eleitor de renda maior. Lula segue na dianteira entre mulheres e autodeclarados pretos
Lula permanece à frente nos grupos de eleitores que já deram a ele a dianteira no primeiro turno. Segundo a pesquisa, o petista continua forte entre as mulheres, com 52% ante 41% para Bolsonaro (elas são 52% do eleitorado); com 60% contra 34% entre autodeclarados pretos (grupo que corresponde a 15% do eleitorado); e com 67% ante 28% no Nordeste (a região que tem 27% do eleitorado).
Já Bolsonaro cresceu entre os eleitores de maior renda. No grupo dos que recebem de dois a cinco salários, o presidente passou de 53% para 54%, enquanto o petista caiu de 41% para 40%, considerando uma margem de dois pontos.
Entre os que ganham de cinco a dez salários mínimos, a vantagem de Bolsonaro cresceu de 13 para 28 pontos percentuais, fora da margem de erro, que é de cinco pontos. Já entre os mais ricos, que recebem acima de dez salários, a distância foi de 14 para 23 pontos. A variação, porém, ficou dentro da margem de oito pontos.
No Brasil, 48% do eleitorado ganha até dois salários mínimos; 36%, de dois a cinco; 10%, de cinco a dez; e 4% recebem acima disso, segundo o Datafolha.
O levantamento ouviu 4.580 pessoas em 252 municípios entre esta terça (25) e esta quinta, e foi encomendado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo. Está registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR-04208/2022.
Lula divulga carta se comprometendo a ter responsabilidade fiscal e social
Ontem, Lula divulgou um documento, a exemplo do que fez como se elegeu em 2002, em que promete combinar responsabilidade fiscal e social, caso seja eleito no domingo.
No documento, o petista diz que “a política fiscal responsável deve seguir regras claras e realistas, com compromissos plurianuais, compatíveis com o enfrentamento da emergência social que vivemos e com a necessidade de reativar o investimento público e privado para arrancar o país da estagnação. (…)Temos consciência da nossa responsabilidade”.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo