Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a presidência da Petrobras, Adriano Pires, em entrevistas concedidas, já declarou ser um defensor da privatização da Petrobras. Um dos seus argumentos é de que a venda da companhia seria a “solução definitiva” para “resolver o problema da precificação dos combustíveis”. Publicamente, também torce para que o governo Bolsonaro “resista à tentação de intervir na Petrobras” e de fazer políticas de congelamento de preços. Para ele, o caminho da intervenção seria um desastre ao país, considerando o congelamento dos preços a pior política possível.
“Enquanto a empresa for de economia mista, tendo o Estado como controlador, os seus benefícios corporativos e as práticas monopolistas serão mantidos — a favor da corporação e, muitas das vezes, contra os interesses do Brasil”, afirma Pires à imprensa.
Não é a mesma análise de profissionais do mercado. O economista Eduardo Moreira, sócio-fundador do ICL, explica que, para uma empresa ter maior lucro, um meio é aumentar a produtividade para vender muitos produtos e, assim, passa a ganhar mais. Outro modo seria diminuir o pagamento dos funcionários e das pessoas da empresa para aumentar a margem de lucro. Também há a possibilidade de reduzir a qualidade dos produtos para as pessoas comprarem mais barato e a empresa lucrar mais.
“Quando analisamos os índices de produtividade da Petrobras, todos estão na média ou melhores do que as outras companhias no setor de óleo e gás no mundo. Então, dificilmente, a Petrobras vai ganhar mais em produtividade. O que deve acontecer? É uma questão de matemática. Para a empresa lucrar mais, a pessoa que trabalha na Petrobras vai ganhar menos. A pessoa que compra na Petrobras vai pagar mais. A qualidade dos serviços prestados pela Petrobras vai piorar também”, explica o economista.
Segundo Moreira, com a privatização, o Estado perde um dos instrumentos mais importantes do Brasil de estímulo à economia, um meio de controle em momentos difíceis como o atual, de aumento do preço internacional do combustível.
Ao analisar as empresas do mundo inteiro, Moreira explica que aquelas privatizadas, com todas as promessas de melhoria, não conseguiram entregar o que prometeram. Essas empresas aumentaram os preços dos produtos e diminuíram a qualidade de serviço. Esse é o caso de empresas de coleta de lixo, de água, de energia, de diversos setores. Agora, estão voltando para controle do Governo. Há exemplos na Alemanha, França e até nos Estados Unidos.
O fato é que, da parte do presidente Jair Bolsonaro, há a promessa de privatizar a estatal caso seja reeleito. Para ele, a estatal dá “muita dor de cabeça” e o melhor é se livrar da empresa. O ministro da Economia, Paulo Guedes, ficou empolgado quando foi informado pelo presidente de que o indicado será encarregado da privatização da empresa.
Durante a montagem do governo Bolsonaro, em 2018, Pires chegou a ser cotado para ministro de Minas e Energia. Sofreu resistência do já escolhido ministro da Economia, então poderoso e apelidado pelo presidente de “Posto Ipiranga”, por onde tudo passaria no governo.
Redação ICL Economia
Com informações das agências