O LinkedIn voltou atrás e informou que será permitido anunciar na plataforma as vagas afirmativas, ou seja, anúncios que priorizem grupos historicamente desfavorecidos, como negros, indígenas, mulheres, pessoas com deficiência e LGBTQIA+. As novas regras já estão em vigor desde esta terça-feira (29).
A decisão da rede social acontece após a exclusão de uma vaga que dava prioridade a candidatos negros e indígenas. A vaga foi aberta pelo Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo, conhecido como Laut, que buscava contratar profissional para a coordenação do setor administrativo e financeiro.
Na ocasião, o Linkedin se justificou dizendo que a política de uso não permitia vagas que dessem preferência a quaisquer características. Isso fez com que o Procon-SP notificasse a plataforma a para prestar explicações e também as organizações Educafro, Frente Nacional Antirracista e Centro Santo Dias de Direitos Humanos entraram com ação na Justiça contra o Linkedin que pede R$ 10 milhões em danos morais e coletivos.
Depois da polêmica, que também se alastrou pelas redes sociais, onde foi duramente criticado, o LinkedIn revisou sua política para publicação de oportunidades. Em nota, disse que “atualizamos nossa política de anúncio de vagas para permitir a divulgação de publicações que expressem preferência por profissionais de grupos historicamente desfavorecidos na contratação em países onde esta prática é considerada legal”.
Vagas afirmativas
Outras empresas já fizeram ofertas de emprego afirmativas. Em setembro de 2020, o Magalu abriu o seu primeiro trainee voltado apenas para candidatos negros e repetiu edição deste programa no ano passado. A Bayer também seguiu o mesmo caminho e lançou um programa de mentoria e outro de trainee exclusivos para negros.
A partir destas primeira iniciativas, outras empresas foram aderindo A prática da seleção inclusiva também já contou iniciativas da MRV&CO e o iFood e das empresas na área de tecnologia: XP, Nubank e VTex.
Preconceito dificulta inserção no mercado de trabalho
Recente pesquisa, realizada pela plataforma de vagas InfoJobs, mostra a relação entre o racismo, muitas vezes velado, no mercado de trabalho e as dificuldades de profissionais negros em se inserir nas empresas. De acordo com os dados obtidos, 65% dos respondentes que se autodeclaram negros afirmaram que nunca sofreram preconceito racial durante os processos seletivos. No entanto, um outro dado obtido pelo levantamento contrasta com a informação: quando perguntados se a questão racial dificulta a colocação no mercado de trabalho, 75% disseram que ‘sim’ ou ‘às vezes’.
Para 73% dos respondentes, pessoas negras não possuem as mesmas chances que outros profissionais. Para 85%, ainda que uma pessoa negra seja extremamente qualificada para uma posição, ela irá enfrentar dificuldades para conquistar uma vaga, quando comparada a um candidato branco.
Recentemente, o Boletim “Economia para Todos” do Investidor Mestre analisou o desemprego no Brasil desde o começo da década de 2010 até o último trimestre de 2021.
Na análise do desemprego por cor, a disparidade notada entre pessoas brancas, pretas e pardas é extremamente relevante. Os dados refletem o racismo estrutural brasileiro, pois mesmo a população parda e preta junta sendo a maioria da população brasileira empregada, o desemprego entre elas costuma ser maior que o das pessoas brancas historicamente.
Durante a pandemia, o mesmo movimento pode ser observado, com o peso do desemprego sendo maior para as populações pretas e pardas do que para a população branca. Entre o primeiro e segundo trimestre de 2020, justamente quando as restrições sanitárias da pandemia tiveram início, o nível de desemprego para população branca teve aumento de 0,7 pontos percentuais e saiu de 9,9% para 10,6%. No mesmo período, a taxa entre os pretos apresentou aumento de 2,8 pontos percentuais, saindo de 15,3% para 19%, enquanto para a população parda o aumento foi de 1,6 pontos percentuais e saiu de 14,1% para 15,7%.
Redação ICL Economia
Com informações das agências e do Boletim Economia para Todos