Desemprego no Brasil é pior para mulheres, negros e jovens

Levantamento mostra desde o começo da década de 2010, passando pelas políticas de austeridade fiscal iniciadas em 2015, e aprofundadas nos governos Temer e Bolsonaro, até o último trimestre de 2021
22 de março de 2022

Hoje a falta de empregos no Brasil é um dos piores problemas da economia e para desvendar, além dos dados, e mostrar a verdadeira face do desemprego, o Boletim “Economia para Todos” do Investidor Mestre analisou desde o começo da década de 2010, passando pelas políticas de austeridade fiscal iniciadas em 2015, e aprofundadas nos governos Temer e Bolsonaro, até o último trimestre de 2021.

A conclusão é de que o desemprego brasileiro se agrava muito quando se é mulher, pessoa negra, jovem ou alguém com baixo nível de escolaridade, refletindo uma sociedade machista e racista, e a depender da categoria em que a pessoa se encaixa, a situação pode ser mais cruel.

No período analisado, o desemprego entre mulheres foi mais elevado do que entre os homens, o que também faz com que a participação feminina no mercado de trabalho seja percentualmente menor. Além disso, os efeitos da pandemia foram mais sentidos pelas mulheres que pelos homens, quando o desemprego feminino apresentou elevação mais acentuada do que o masculino. No pior momento registrado, em que o desemprego alcançou 14,9%, no terceiro trimestre de 2020, o desemprego masculino estava em 12,9% enquanto o feminino foi de 17,5%. Isto significa que quase uma em cada cinco mulheres se encontrava desempregada durante o auge da pandemia.

No terceiro trimestre de 2020, a participação feminina chegou a 42,4%, o pior resultado registrado desde 2012, com redução de 4% em apenas um ano. Sob efeitos da pandemia, estima-se que as demissões tenham sido maiores entre mulheres do que entre homens, além do fato de que diversas mulheres tiveram que largar seus empregos para cuidar da família, devido a impossibilidade de deixar filhos em creches ou escolas. Os números mais recentes, indicam uma pequena melhora – 43,8% -, porém muito longe do ideal.

O desemprego por cor

Na análise do desemprego por cor, a disparidade notada entre pessoas brancas, pretas e pardas é extremamente relevante. Os dados refletem o racismo estrutural brasileiro, pois mesmo a população parda e preta junta sendo a maioria da população brasileira empregada, o desemprego entre elas costuma ser maior que o das pessoas brancas historicamente.

Durante a pandemia, o mesmo movimento pode ser observado, com o peso do desemprego sendo maior para as populações pretas e pardas do que para a população branca. Entre o primeiro e segundo trimestre de 2020, justamente quando as restrições sanitárias da pandemia tiveram início, o nível de desemprego para população branca teve aumento de 0,7 pontos percentuais e saiu de 9,9% para 10,6%. No mesmo período, a taxa entre os pretos apresentou aumento de 2,8 pontos percentuais, saindo de 15,3% para 19%, enquanto para a população parda o aumento foi de 1,6 pontos percentuais e saiu de 14,1% para 15,7%.

Escolaridade e idade

Quando observado o desemprego medido pelo nível de escolaridade, nota-se que o impacto é muito maior entre as pessoas com ensino fundamental completo, seja entre aquelas com ensino médio incompleto, para as quais o desemprego atualmente é de 18,4%, seja entre as que não ingressaram no ensino médio, em que o nível de desemprego é de 13,3%. Para as pessoas com ensino médio completo a taxa atual é de 12,6%. A situação, no entanto, é melhor para aquelas com ensino superior completo, apenas 5,2%.

Vale notar que, para as pessoas com piores qualificações, a situação é um pouco mais amena, reflexo da baixa qualidade dos empregos existentes hoje no país, que exigem pouco conhecimento e acabam recrutando pessoas com baixa escolaridade pelo custo reduzido da mão-de-obra. Assim, o desemprego para pessoas sem escolaridade é de apenas 8,4%.

Já na análise dos dados por idade, verifica-se que o Brasil possui uma grande dificuldade em inserir a população jovem dentro do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego entre as pessoas abaixo de 24 anos sendo maior do que para as demais faixas etárias.

Na pandemia, a população jovem foi a que mais sofreu com o aumento do desemprego. Entre pessoas abaixo de 17 anos, o percentual saiu de 39,3% no último trimestre de 2019 para 46,6% no primeiro trimestre de 2021. Enquanto para a população entre 18 e 24 anos o índice saiu de 23,2% para 30%. Ao mesmo tempo, para aqueles acima de 60 anos o aumento do desemprego foi de 4,2% para 5,9%. Nas faixas médias de idade, entre 25 e 39 anos, o aumento foi de 10,1% para 14,1% e para as pessoas entre 40 e 59 anos o aumento foi de 6,5% para 9,6%.

Redação ICL Economia
Com informações do Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre

 

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