O coordenador dos trabalhos da equipe de transição, ex-senador Aloizio Mercadante (PT), afirmou nesta terça-feira (6) que o governo brasileiro deve R$ 5 bilhões a organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Internacional do Trabalho (OIT), havendo o risco de o Brasil ser excluído dos fóruns. Não há previsão de orçamento para o pagamento dessas dívidas em 2023. Mas o presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, quer evitar esse cenário. Em coletiva para a imprensa internacional, Lula reforçou a ideia de uma nova aliança global e ainda afirmou que nenhum governo pode dar certo se não tiver credibilidade, estabilidade e previsibilidade.
Membro do grupo de transição, o economista Antonio Corrêa de Lacerda afirmou para a reportagem do G1 que as dívidas e o risco de exclusão do Brasil vão “na contramão” das perspectivas do governo eleito para o reposicionamento do país no cenário internacional por meio das organizações internacionais.
Com dívidas com organizações internacionais, Brasil pode perder direito a voto
Integrante do grupo de trabalho de Planejamento e Orçamento na transição, a economista Esther Dweck afirmou que esse é um passivo, que foi se acumulando ao longo dos últimos anos. Esther acrescentou que o governo eleito vai buscar priorizar o pagamento a órgãos multilaterais dos quais o Brasil pode ser excluído por falta de pagamento. É o caso, segundo ela, da Organização Mundial de Comércio (OMC) – onde o Brasil pode perder direito a voto se não regularizar as dívidas.
Em setembro, após levantamento a pedido da BBC News Brasil, a ONU apontou que o Brasil devia US$ 306 milhões, o equivalente a R$ 1,5 bilhão, à organização. Pelas regras da ONU, se um país acumular uma dívida equivalente a dois anos ou mais em relação às suas contribuições regulares, ele pode perder o direito ao voto. O Brasil tem feito alguns pagamentos da dívida, às organizações internacionais, para evitar esse cenário.
No fim de 2020, por exemplo, Bolsonaro sancionou crédito suplementar de R$ 3,3 bilhões para pagar parte das dívidas com a ONU e com a Organização dos Estados Americanos (OEA).
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e dados publicados na reportagem do G1