Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que 30,3% das famílias brasileiras têm alguma dívida em atraso, pois não conseguiram pagá-la dentro do vencimento. Em um ano, a inadimplência avançou 4,2 pontos percentuais, atingindo principalmente os que têm menor renda. Entre os consumidores com até 10 salários de renda mensal, 34,1% atrasaram dívidas, a maior proporção da série histórica, iniciada em 2010. Em um cenário econômico marcado pelos juros altos, os débitos já contraídos encarecem e apertam o orçamento das famílias, especialmente as de menor renda.
Com isso, o volume de consumidores que revelaram não ter condições de pagar dívidas já atrasadas de meses anteriores cresceu em novembro, atingindo 10,9% do total de famílias. Entre as com menores rendimentos, o indicador manteve trajetória de alta, atingindo 13,4% das famílias que permanecerão inadimplentes.
O número de pessoas que reportaram atrasos na quitação de dívidas por mais de 90 dias piorou em novembro. Das famílias inadimplentes, 42,5% estão com atrasos acima de três meses, um aumento mensal de 0,6% e de 1% no comparativo anual.
Houve aumento na quantidade de consumidores com mais da metade da renda comprometida com o pagamento de dívidas – em novembro, alcançou 21,6% do total de endividados, crescimento anual de 0,8%, aponta a reportagem do G1 sobre a pesquisa da CNC. A proporção de famílias que se consideram muito endividadas chegou a 17,5% do total de lares em novembro, alta mensal de 0,2 ponto percentual e de 2,7 pontos percentuais na comparação anual.
Entre o público feminino, 80,7% possuíam algum tipo de dívida em novembro
A piora é mais expressiva entre as mulheres (com alta de 3,3%) do que entre os homens (aumento de 1,9%), em 12 meses. O público feminino é, atualmente, o mais endividado: 80,7% possuíam algum tipo de dívida em novembro.
A percepção de superendividamento também aumentou, especialmente entre os consumidores com idade acima de 35 anos, em que 19,5% afirmaram estar muito endividados, um aumento anual de 3,2 pontos percentuais. Já os que têm menos de 35 anos tiveram aumento de 2,1 pontos percentuais e são 15,3%.
No que diz respeito à escolaridade, as pessoas sem ensino médio completo compõem o grupo em que o superendividamento mais cresceu em um ano, com alta de 3,9 pontos percentuais (19,4%).
Por outro lado, o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer recuou 0,3 ponto percentual em novembro, alcançando 78,9% do total. Na comparação com novembro do ano passado, contudo, a proporção de endividados avançou 3,3 pontos percentuais, mas em uma dinâmica de desaceleração. Essa taxa anual é a menor desde junho de 2021.
A desaceleração da proporção de endividados é explicada pela evolução positiva do mercado de trabalho, pelas políticas de transferência de renda mais robustas e pela queda da inflação nos últimos meses. Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, esse conjunto de fatores resultou no aumento da renda disponível.
Redação ICL Economia
Com informações do G1