O Brasil vive um momento de entrada de investimentos internacionais. Só nos três primeiros meses de 2022, entraram R$ 83,5 bilhões, o que representa mais dinheiro do que todo o ano de 2021. Os índices do Ibovespa também indicam essa situação: neste ano já apresentaram desempenho melhor do que a bolsa de Nova York, da Alemanha e da Inglaterra.
O economista André Campedelli, do Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre, analisa que essa entrada de capital estrangeiro que ocorre atualmente no Brasil é resultado tanto de um cenário econômico mundial muito incerto quanto da elevada taxa Selic (atualmente está cotada em 11,75%), o que aumenta os rendimentos dentro do país. “Isto fez o Brasil ser um porto seguro para o capital internacional, que fugiu de mercados emergentes similares ao nosso, como é o caso da Rússia”, explica.
No entanto, o dinheiro que está entrando é investimento de curto prazo, ou seja, assim como entra rápido, também pode sair rápido do país e ir buscar rentabilidade em outros lugares.
Campedelli ressalta que o movimento pode ser apenas temporário e, sendo este montante na sua maior de curto prazo, o que poderia ser feito é aproveitar tal entrada e elevar os níveis de reservas internacionais, ou até mesmo realizar uma diversificação das reservas internacionais com as moedas diferentes do dólar que entrarem na economia brasileira. Para ele, o país tem que “aproveitar o curto espaço de tempo que tal situação deve durar para se proteger de possíveis choques de câmbio que podem ocorrer no segundo semestre com o cenário eleitoral”.
Outro analista econômico, George Romano, professor de Relações Internacionais e Economia da UFABC, também explica as contradições dessa entrada de capital estrangeiro que valoriza o real frente ao dólar, avaliando que esses dados positivos não melhoram a qualidade de vida da população, que sofre com inflação recorde e alto índice de desemprego. “Sem dúvidas é um alívio ter o capital estrangeiro por aqui. Se ele fosse embora, isso geraria uma maior pressão inflacionária e quem pagaria a conta como sempre seria o trabalhador. Mas a vida da população brasileira não melhora porque o governo atual não quer, não tem interesse. A política em curso é a do capital financeiro virar lucrar no Brasil”.
A desvalorização do dólar frente ao real somou 14,61% no primeiro trimestre do ano.
Redação ICL Economia