Horas depois de ter realizado a última live por meio de suas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) cometeu seu último ato antidemocrático nesta sexta-feira (30). O capitão embarcou em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) fugindo para os Estados Unidos para não passar a faixa presidencial ao presidente legitimamente eleito pelo voto democrático, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que será empossado no próximo domingo (1º). Deixa também para trás centenas de seus seguidores acampados em frente a quartéis desde o resultado das urnas, pedindo intervenção militar.
A aeronave decolou de Brasília às 14 horas com destino a Orlando, no estado americano da Flórida. Assim, Bolsonaro encerra o ciclo de quatro anos de um governo desastroso, não aceitando a derrota nas urnas e desrespeitando o tradicional rito democrático que simboliza a troca de poder no país. Agora, Lula discute com sua equipe como se dará o ritual durante a cerimônia de posse.
Bolsonaro deve passar ao menos um mês nos EUA. Até o momento, não foram informados mais detalhes sobre a viagem nem se ele foi acompanhado de alguém. O que se sabe é que, desde o resultado do segundo turno que deu a vitória a Lula, Bolsonaro insistia em não aceitar a derrota e praticamente abandonou o governo, deixando essa tarefa ao presidente eleito e sua equipe.
Como presidente da República, ele tem o direito de usar o avião da FAB para viajar, mas não houve qualquer divulgação sobre agenda ou compromisso que justificasse o uso da aeronave oficial.
Ontem (29), o vice-presidente e senador eleito, Hamilton Mourão, já despachava como presidente em exercício. Em um dos seus primeiros atos, convocou uma rede nacional de rádio e televisão para sábado, às 20h30, na qual deve fazer um balanço dos quatro anos de governo.
Ao deixar o Palácio da Alvorada pela última vez como presidente nesta sexta-feira, Bolsonaro não deixou o local que foi sua residência nos quatro anos pelo portão principal: utilizou uma saída lateral, despistando a imprensa.
Antes de fugir do Brasil, Bolsonaro realizou live de 50 minutos com choro, reclamações e ataques à imprensa e à esquerda
Antes de abandonar o país e os milhões de eleitores que votaram nele nas eleições, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo do Palácio da Alvorada, na qual fez um balanço do seu governo. Durante a transmissão, não mencionou a viagem.
Contudo, falou em tom de despedida e citou pela primeira vez o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou que “foi difícil ficar dois meses calado”, mas disse que “o Brasil não vai se acabar dia primeiro”.
Em alguns trechos do discurso, Bolsonaro foi incongruente e errático. “Vencemos esses quatro anos com saldo bastante positivo. Nenhum chefe de Estado enfrentou algo parecido. Se bem que isso foi enfrentado pelo mundo todo, a questão da pandemia e a guerra, isso influencia na vida de todo mundo”, discorreu.
Acrescentou que as mortes provocadas pela Covid-19 são “irrecuperáveis”. Mas, nesse contexto, aproveitou para falar contra o que chama de “falta de liberdade” que, segundo ele, persegue os “democratas” como ele.
Reclamou também que “a falta de liberdade que estamos vivendo prejudica a democracia”. “Isso daí, no futuro, se continuar, vai pegar todo mundo. Nós sempre lutamos por democracia. Por liberdade, respeito às leis, à Constituição. Infelizmente alguns não entendem (e), aplaudem quando alguém perde a liberdade”, disse, sobre apoiadores presos por atacarem o Estado de Direito.
Por fim, Bolsonaro disse: “Vejo uma nação com medo de mandar um zap, tecer um comentário, mandar um emoji”, protestou. “Cê não podia falar sobre Covid, tudo era não-existe-comprovação-científica. Até os médicos foram tolhidas (sic)…”
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e Rede Brasil Atual