Nesta terça-feira (5), a reunião entre o governo federal e representantes dos servidores do Banco Central, que estão em greve desde sexta-feira (1º), terminou sem a apresentação de uma proposta de reajuste, segundo o sindicato da categoria.
Os funcionários da autoridade monetária querem reajuste salarial de 26,3%, referente à inflação de 2019 a 2022, além da reestruturação de carreiras (demanda que não tem impacto financeiro, segundo o Sinal, sindicato da categoria). Mas, haviam sinalizado a disposição para negociar com o governo.
O Sinal afirmou após o encontro com Leonardo Sultani, titular da Secretaria de Gestão de Pessoas do Ministério da Economia, que, “como não houve proposta oficial, a nossa resposta vai ser a manutenção e a intensificação da greve”.
O sindicato diz que a expectativa de adesão continua sendo de mais de 60% dos servidores e que “a greve poderá afetar mais o Pix e outros serviços financeiros do órgão, como a divulgação do Boletim Focus e de diversas taxas financeiras”.
O Banco Central tem adiado diversas publicações regulares, como o Focus, dados do câmbio e o Relatório de Poupança, e pela primeira vez admitiu que o motivo era a greve. A autarquia não disse quando os indicadores serão divulgados e também adiou a remuneração a bancos em operações do Pix.
O presidente do Sinal, Fábio Faiad, diz que a greve dos servidores será feita de forma responsável, respeitando a lei dos serviços essenciais, mas o Pix e outras atividades do BC não se encontram dentro do escopo da lei. “Portanto, a greve poderá interromper parcialmente o Pix e a distribuição de moedas e cédulas”.
Faiad afirma também que o movimento grevista “poderá interromper, parcial ou totalmente, a divulgação do boletim Focus e de diversas taxas, o monitoramento e a manutenção do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e da mesa de operações do Demab, o atendimento ao público e outras atividades”.
Receita Federal, Tesouro Federal e CVM
Também os servidores da Receita Federal prosseguem com a operação-padrão nas aduanas iniciada no final de 2021, apesar do reforço orçamentário. Com a ameaça de uma paralisação da Receita Federal ainda no primeiro semestre, o Ministério da Economia decidiu recompor o orçamento do Fisco. Mas os auditores dizem que os novos recursos também serão insuficientes para chegar ao fim do ano.
Desde dezembro, o Sindifisco Nacional reclama do corte de R$ 1,2 bilhão no orçamento da Receita para 2022. O governo publicou recentemente um decreto de reprogramação orçamentária com um aumento de R$ 468,5 milhões no orçamento do Ministério da Economia para este ano.
Ainda na noite desta segunda-feira (4), os servidores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), durante assembleia virtual, decidiram realizar uma paralisação no próximo dia 12 de abril caso o governo federal não atenda ao pleito da categoria por reajuste salarial de 27,51%, porcentual referente à inflação acumulada prevista de janeiro de 2019 a dezembro de 2022.
Caso não haja manifestação da secretaria até 11 de abril, haverá paralisação na terça-feira (12) e nova assembleia na quarta-feira (13) para votar indicativo de greve.
Um ofício será reenviado ao secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal, Leonardo Sultani, pedindo o reajuste e pleiteando a atualização dos valores do auxílio-saúde e importância de concurso público para dar fim ao déficit de pessoal.
No ofício, já encaminhado ao governo em novembro passado, o sindicato vai acrescentar a solicitação da revogação do decreto 10.620 que muda a gestão da aposentadoria dos servidores para o INSS. Também vai exigir uma solução para o destino da taxa de fiscalização, que deve pertencer ao orçamento da CVM, para atender aos serviços prestados.
Os servidores do Tesouro Nacional decidiram, em assembleia realizada nesta terça-feira (5), manter a operação-padrão nos próximos dias. Além disso, a categoria fará nova paralisação total das atividades na quarta-feira (13).
A categoria quer um reajuste salarial mínimo de 19,9% e não aceita que apenas algumas carreiras sejam agraciadas com reestruturações. Apesar de agendar nova paralisação, a categoria ainda não deve entrar em greve.
A insatisfação dos servidores públicos está ligada ao presidente Jair Bolsonaro, que anunciou aumento só para policiais rodoviários e federais, categorias que ele considera essenciais para a sua reeleição.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias