Renda do brasileiro tem aumento de 1,9% em relação ao trimestre anterior, mas segue abaixo dos níveis pré-pandemia

Em relação ao pico de R$ 3.013, alcançado no trimestre de maio a julho de 2020, a renda do brasileiro está, em média, em um patamar 6,8% menor, aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE
1 de março de 2023

No último trimestre de 2022, a renda do brasileiro teve aumento de 1,9% em relação ao trimestre anterior, ficando em R$ 2.808. Nos primeiros três meses de 2020, o valor era de R$ 2.853, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, divulgados na terça (28). Em relação ao pico de R$ 3.013, alcançado no trimestre de maio a julho de 2020, a renda do brasileiro ainda está, em média, em um patamar 6,8% menor.  

Dados da Pnad indicam uma redução de 7,9% na taxa de desemprego na comparação trimestral (o equivalente a 8,6 milhões de pessoas desocupadas). O contingente de pessoas ocupadas, por sua vez, foi estimado em aproximadamente 99,4 milhões no período.

Mas o número de empregados sem carteira no setor privado (12,9 milhões) cresceu mais que o de trabalhadores com carteira (35,9 milhões). Os aumentos foram de 14,9% e 9,2%, respectivamente.

Já o número médio de trabalhadores por conta própria subiu 2,6%, para 25,5 milhões. Por sua vez, os empregados no setor doméstico, onde predomina a informalidade, aumentou 12,2%, somando 5,8 milhões.


Durante a pandemia, houve queda na renda do brasileiro e perda do poder de barganha

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Crédito: Envato

Segundo análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), durante a pandemia, enquanto o mercado de trabalho se fechou, houve queda na renda do trabalhador e perda do poder de barganha dos trabalhadores.

Na prática, o cenário se traduz em uma alta na geração de empregos do país, mas em cargos que oferecem salários menores do que os já oferecidos no passado e pouca proteção ao trabalhador

Especialistas consultados destacam, ainda, que outro ponto importante a ser considerado nesse cenário é a pressão inflacionária que continua a ser vista no país.

Os últimos dados do IBGE sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por exemplo, apontam que o indicador registrou mais um avanço de 0,53% em janeiro. No acumulado de 12 meses, a alta do índice foi de 5,77%.

“Então além dos efeitos pandêmicos, é preciso considerar que também vivemos um grande período de inflação alta, de dois dígitos, que corroeu o poder de compra dos consumidores. E as variações discretas e modestas do rendimento do trabalho que apareceram nos últimos meses 2022 até apontam para uma recuperação, mas o déficit ainda é muito grande”, afirma a economista do Dieese Lucia Garcia para a reportagem do G1.

Segundo analistas consultados pela reportagem, a melhora do mercado de trabalho deve continuar positiva ao longo de 2023, ainda que de maneira mais lenta diante do cenário doméstico desafiador, com menos crescimento econômico, juros elevados e uma inflação ainda incômoda. Do lado da renda, economistas reiteram que uma recuperação mais contundente dos rendimentos ainda é esperada para este ano.

É preciso considerar que parte dessa melhora ainda vem da informalidade e da saída de pessoas do mercado de trabalho. Por mais que haja uma melhora das ocupações do ponto de vista estatístico, a renda só deve alcançar patamares melhores no final de 2023 ou no começo de 2024, segundo avaliação do Dieese.

Redação ICL Economia
Com informações do G1 e da Rede Brasil Atual

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