Um grupo de 11 grandes bancos americanos, como JP Morgan, Citigroup, Bank of America e Morgan Stanley, principais credores dos EUA, anunciou um plano de resgate do First Republic, que teve sua situação fragilizada com o aumento da aversão ao risco entre os investidores, receosos com o risco de um contágio de forma mais ampla no setor financeiro, na esteira dos problemas envolvendo SVB e Credit Suisse.
Os riscos de quebra e a possível contaminação do sistema bancário fez esse grupo de bancos se movimentar e, após negociações, anunciar um depósito de US$ 30 bilhões em reforço às finanças da instituição.
Para especialistas ouvidos pelo portal G1, os indícios não são de um problema sistemático ou estrutural, mas de uma “contaminação” temporária após a quebra do SVB, que faliu diante de uma estratégia equivocada de manter exposição à alta taxa de juros norte-americana.
Conforme mostra reportagem do G1, os problemas do Silicon Valley Bank têm origem, entre outros fatores, no aumento da taxa de juros dos EUA – atualmente na faixa de 4,5% a 4,75% ao ano –, que fez o valor dos títulos do governo americano cair. A situação afetou diretamente o SVB, em uma sequência de fatos:
- Com a alta de juros, clientes do SVB, que são majoritariamente startups e empresas de tecnologia, perderam financiamento com a migração de investidores de aplicações de risco para títulos mais seguros;
- Os clientes, então, recorreram a reservas no SVB para se financiar;
- A instituição tinha um grande volume de dinheiro investido em títulos do governo, com previsão de resgate no longo prazo, e que desvalorizaram no mercado também pela subida de juros;
- Para recompor o caixa, o banco teve que resgatar antecipadamente esses recursos, acumulando perdas;
- Um pedido de financiamento por parte do banco gerou pânico no mercado;
- Consequentemente, clientes fizeram resgates em massa, o que quebrou a instituição.
Clientes retiraram bilhões de dólares em depósitos do First Republic nos últimos dias
O The Wall Street Journall relata que os clientes retiraram bilhões de dólares em depósitos do First Republic nos últimos dias, com o banco já tendo anunciado no domingo um acordo com o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e o JP Morgan para acessar uma linha de crédito de US$ 70 bilhões (R$ 370 bilhões).
Apesar dos esforços, na quarta-feira (15) a agência de classificação de risco rebaixou os ratings do First Republic de A- para BB+.
A derrocada do SVB elevou as tensões em relação aos demais bancos regionais nos Estados Unidos, que têm capacidade limitada de lidar com um cenário macroeconômico adverso com a alta dos juros pelo BC norte-americano.
Nesta semana, foi a vez do gigante Credit Suisse, o segundo maior banco da Suíça, entrar no radar dos investidores, depois de o banco divulgar distorções no balanço financeiro e a necessidade de injeção bilionária de capital.
Apesar da situação delicada do Credit Suisse, suas ações tiveram uma sessão de forte recuperação dos preços nesta quinta, após o banco central da Suíça oferecer apoio financeiro para reestabelecer as operações do banco. Porém, após dois pregões marcados por forte volatilidade, as ações do Credit Suisse operam em queda de 6,48%, por volta das 8h40 (horário de Brasília), nesta sexta-feira (17).
Redação ICL Economia
Com informações d G1 e agência de notícias